domingo, setembro 22, 2013

Meteorologia


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Miguel Sousa Tavares meteu-se a discutir meteorologia. A facilidade com que ele identifica os elementos estruturais da tempestade perfeita portuguesa só é ultrapassada pela destreza com que ele tuteia o Goldman Sachs, Merkel ou… nove em cada dez Prémios Nobel de Economia que ele teve a ventura de consultar. Ah! E aquilo de se achar que a culpa é toda de Sócrates começa a ser uma boa desculpa, acha o MST.

Que pena não se ter pedido a MST para prever a meteorologia, em vez de vir agora comentá-la. Ou ter-lhe oferecido uma marmota e ter parado o tempo nessa altura.

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quarta-feira, outubro 07, 2009

Um dia de chuva


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Agora, sim. A chuva intensa desta noite aqui por Cascais, anunciou a abertura física do Outono, que a formalidade das datas já tinha acontecido. Caiu intensamente ao longo da noite, batendo nas vidraças e nos terraços dos quintais e acordando as gentes de sono mais leve, como que querendo que reparássemos nela e nos lembrássemos que se iniciou mais um ciclo de vida. Que a vida não pára e renova-se a cada ano, a cada mês e a cada instante, apesar das rotinas que, mesmo agitadas, não deixam de ser rotinas.

Esta noite choveu muito e foi bom. A luz da manhã começa agora a romper as nuvens espessas, aproveitando a trégua que a chuva lhe deu. Na televisão anuncia-se que a chuva continuará para o resto do dia, mas que podemos estar descansados que amanhã o sol já brilhará e no Domingo o dia vai ser lindíssimo de sol.

Ainda não perdi a esperança de ouvir, uma vez, um apresentador de TV dizer que no Domingo teremos um dia lindíssimo de chuva. Um dia calha.
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quarta-feira, outubro 03, 2007

O borralho e a mantinha para os pés


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Eu sei que o mundo não é a minha janela, mas estar sentado a cumprir o meu gosto matinal de dar de comer ao blog, apanhando jorros de sol pela vidraça e ouvir ali na televisão ao lado que o país está em alerta amarelo pelo regime de aguaceiros, por vezes fortes, que se espera para hoje, dá-me um toque muito realista sobre o país em que vivemos. Esta questão da Prevenção e Defesa Civil (não estou seguro de que seja a designação certa) é um bom exemplo duma espécie de histeria passiva em que a nossa sociedade tem vindo a ser lenta e paulatinamente moldada. O Estado protector que nos fecha as janelas, tapa as frinchas, acende o borralho e nos traz o cobertor para aquecer os pezinhos.

É evidente que a defesa e Protecção civil de um território é indispensável, não é, sequer, discutível, há desastres, há fogos, inundações, há tudo aquilo que pode abalar uma comunidade e há a obrigação do Estado em prover os meios necessários para evitar ou, não sendo possível, amenizar os danos. Mas connosco… é diferente. Pode ser que seja impressão minha mas em cada palavra a anunciar um aguaceiro ou um pezinho de vento se nota uma acção deliberada em se inculcar nos simples, que somos todos nós os que andamos à chuva, que o Estado está cá para nos proteger. E isso nota-se, sobretudo, no empolamento que se dá ao aviso da “catástrofe”. É claro que “depois da catástrofe” também aparecem os tiranetes idiotas e burgessos a ralhar com o rebanho e a explicar que a “câmara não pode controlar as chuvas”, como aconteceu com o representante autárquico de Loures em Sacavém, mas isso já faz parte do guião.

Há, porém, um pormenor perverso nesta forma continuada de propaganda sobre a protecção que o Estado nos dá. É a ideia que se cria nas pessoas que o Estado está e tem a obrigação de estar sempre para nos ajudar. Seja para nos salvar duma inundação inesperada, seja para nos indemnizar de um coelho que morreu com micsomatose. E se não indemnizar, vimos todos para a rua cantar o “a luta continua” ou procurar uma canção de intervenção que fale da exploração de coelhos micsomatósicos por capitalistas sem escrúpulos.

E numa altura em que tanto se fala e tão pouco se faz sobre pedagogia, seria bom que se transmitisse a dimensão exacta da protecção que todos podemos e devemos esperar do Estado. E essa dimensão exacta poderia começar pela dimensão exacta, também, pelo menos tão aproximada quanto possível, das intempéries. Para que não passemos o dia a olhar para o céu à espera de ver quando é que o alerta laranja começa a actuar, como frequentemente acontece, enquanto, por outro lado, continuamos a fazer gala do desleixo do costume que faz com que quaisquer dez minutos de chuva nos dêem meio metro de inundações.


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