domingo, dezembro 06, 2009

E a família, tudo bem?

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Não é fácil passar ao lado de um episódio típico da nossa gente e reveladora da ligeireza com que aos mais diversos níveis tratamos dos nossos assuntos.

Um assassino perigoso acaba de matar a ex-mulher à frente da filha, em Montemor-o-Velho. Acaba preso e metido numa carrinha, não sem que lhe faltasse tempo e arma para despachar mais uma vítima, na circunstância um dos próprios guardas que o prenderam.

Qualquer filme de 3ª categoria nos mostra como é que estas coisas se fazem. A polícia está minimamente treinada e ensinada para de imediato imobilizar, algemar e revistar um suspeito. E se o suspeito não obedece é alvejado sem contemplações, que um tiro nas pernas não mata ninguém e, pelo contrário, evita que o suspeito mate mais alguém.

Mas isto é nos filmes, devem pensar os agentes da autoridade de localidades como Montemor-o-Velho. No fundo, nestes meios pequenos, toda a gente se conhece. No caso vertente julgo até que era do domínio público que o assassino (alegado, não é?) era um homem extremamente violento para a ex-mulher, com um histórico do conhecimento geral. Daí que, posso estar até a exagerar, mas não me admiraria muito que os guardas o prendessem ao mesmo tempo que lhe perguntavam se a cadelinha já pariu, se já tinha acabado o canal de rega para trazer água do Mondego á horta ou se a carrinha já pegava. Eu sei que não deve ter sido bem assim mas, tenha sido da maneira que fosse, não se entende nem se admite que um homem seja detido depois de ter abatido uma mulher a tiro dentro de uma ambulância e não seja imediatamente algemado e revistado. À força, está bem de ver, com a violência e eficácia que o caso exigisse.
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terça-feira, agosto 12, 2008

Children of a lesser father


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Poucos dias depois do incidente do BES em Lisboa, surge agora esta morte trágica de uma criança. Baleada pela GNR.

Prevejo muita opinião sobre o tema e as televisões começaram já a dar tempo de antena aos familiares, que se lançaram desde já num ataque feroz á acção da GNR. Era bom que se percebesse que a verdadeira tragédia da morte do infeliz miúdo radica não no facto de um GNR o ter baleado, no que acredito ter sido uma acção puramente intimidadora disparando sobre a carrinha que não obedeceu à ordem de paragem, mas sim no facto de dois homens adultos “levarem” uma criança de onze anos (pai e tio) a participar num assalto. Esta, sim, a verdadeira raiz do problema. Porque é evidente que não havendo assaltos não há polícias aos tiros. Tiros que aleatoriamente podem atingir um filho ou um sobrinho quando o levamos a um assalto assim como quem o leva ao jardim zoológico.

Espero que o juiz que os vier a condenar pelo assalto os condene também por terem aliciado uma criança ao crime. Ou o código penal não prevê nada neste particular?

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quarta-feira, março 26, 2008

Por obséquio, dá-me licença que lhe roube o carro sem necessidade de lhe dar um tiro?


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A máquina de propaganda do governo continua a martelar-nos a estatística segundo a qual o crime violento desceu. Em 2007. Não percebi bem, posso ter ouvido mal, mas pareceu-me ouvir falar em 0,1 %. Ou seja, de 1000 crimes violentos em 2006 passámos para 999. Será o resultado das grandes reformas estruturais de que Sócrates falou, a propósito de outro tema, creio que da redução do défice.

É nestas alturas que se eu fosse jornalista pediria a Sócrates que identificasse essas reformas estruturais já que a mim, do deserto da minha condição de cidadão anónimo, só me ocorrem medidas avulso, cataplasmas que aqui e ali vão corrigindo os erros tremendos anteriormente cometidos. Frequentemente, erros cometidos pelo próprio Partido Socialista em governos anteriores.

Já agora. Pondo de parte a delícia do decréscimo do crime violento, o fenómeno do car-jacking, ainda segundo as mesmas estatísticas, subiu, segurem-se, 30%. Pode ser que este não seja um crime violento. Pode ser que os carkjackers tenham frequentado cursos de boas maneiras.
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