quinta-feira, agosto 18, 2011

Apetências





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As minhas apetências são muitas, também. Nem sempre as concretizo, umas vezes porque os meus apetites são desmesurados relativamente às minhas possibilidades (clicar na foto para ver melhor), outras porque normalmente os eduquei e condiciono sempre a um módico de racionalidade indispensável a isto de se viver numa sociedade em que por força do nosso instinto gregário, temos de conviver com muita gente e nas mais variadas vertentes. Por norma, essa racionalidade está na razão directa daquilo que eu entendo ser a feasibility dos meus apetites, para me socorrer de um termo que em Washington DC se usa com muita frequência.

Isso não me inibe de perceber os apetites que por aí vão (e não faço links senão gastava meia folha A4 a fazê-los) sobre a putativa colocação de Mário Crespo em Washington DC, como correspondente da RTP. Entretanto, MC desmentiu, formalmente. Mas os apetites vão continuar, Assim na forma habitual de orgasmos múltiplos. Pequeninos, mas múltiplos. Como gosta uma boa parte da nossa blogosfera.
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domingo, agosto 26, 2007

Getting bored kind of thing...



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Até aos 5 anos, toda a gente me dizia o que é que devia comer;
Até aos 10, toda a gente me dizia o que é que devia (começar) a ler;
Até aos 15, toda a gente me dizia o que é que eu devia ser quando fosse grande;
Até aos 20, toda a gente me dizia com quem é que eu havia de casar;
Até aos 30, toda a gente me dizia que tinha de honrar a pátria e combater por ela;
Até aos 40, toda a gente me dizia que tinha perdido uma guerra e que devíamos pensar todos da mesma maneira;
Até aos 50 toda a gente passou a dizer-me que toda a gente devia pensar de maneira diferente;
Daqui para a frente toda a gente se está nas tintas para o que penso mas acha que eu devo ser bem comportado. Que não devo fumar, nem comer carne vermelha, gorduras, açucares, álcool e cafeína, devo andar de bicicleta pelo menos uma vez por ano na marginal, ir de comboio para o trabalho pelo menos uma vez no dia anual sem carros, participar numa jornada de limpeza da Serra de Sintra e outra vez em limpeza de praias. Toda a gente me diz que roupa devo usar e, até, que carro devo comprar. Que devo procurar as praias de bandeira azul, participar em, pelo menos, uma demonstração anual a favor do ambiente, espalhar a palavra de que a partir dos dez anos toda a miudagem deve andar munida de preservativo e, ó ironia!, dar uma aula no liceu da minha filha sobre os malefícios dos agroquímicos no ambiente e nas vantagens da agricultura biológica. Que devo procurar um relacionamento sério, mas com uma mulher de carreira firmada, que não fume e tenha uma noção básica da sensação do orgasmo, com quem devo partilhar “tarefas”, nem que para isso seja necessário mandar a minha ucraniana para o desemprego.

Toda a gente me diz, afinal, tudo, mas ninguém me diz para me fazer o que me apetece. Que é, em última instância, a plenitude de vida de uma pessoa, fazer o quer, o que lhe apetece, o que lhe vai na gana, ainda que em rigoroso respeito pela gana dos outros.

Por exemplo, hoje apetece-me sair e dar umas pedaladas de biciclet… ai, que não dá. Vai dar o Grande Prémio da Turquia. Fica para logo… ai que não dá, tenho o Porto vs Sporting. Naofámal. Faço um telefonema e saio a seguir e vou… ai que não dá, tenho um jantar.

Puta de vida. Até ela me diz o que devo fazer.


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