segunda-feira, novembro 28, 2011

Melhor que a onda da Nazaré, só mesmo os patrimónios imateriais



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Há alturas de arrebatamento total. Foi a onda da Nazaré, depois o fado, agora o
azeite, os grelos e os peixinhos da horta.

Parece que a dieta mediterrânica faz muito bem à pele, à coluna e ao tracto intestinal. Mas convenhamos que este arrebatamento em curso com os patrimónios imateriais me causam já algum desconforto e me abusam da paciência. Até gosto de fado, fado vadio ou de taberna tipo «...e agora minhas senhoras e meus senhores com música do meu marido, letra do gajo que vive comigo e dedicado àquele gajo da mesa do canto vou cantar pra bocelências e porque sou uma pessoa de rima e mesmo uma pessoa de bem, e pelos turistas tenho estima, Ó tempo come back again...»

Mas de favas, azeitonas, broa e secretos de porco preto, há que registar que Portugal em lugar algum é banhado pelo Mediterrâneo e se forem avante com a imaterial iniciativa, que não se esqueçam das sopas de cavalo cansado. Que de imateriais tinham muito pouco mas alimentaram muita criancinha no tempo de Salazar, que ele é que sabia, e se o pão escuro era da dieta, o vinho não tinha menos importância porque dava de comer a um milhão de portugueses.
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quinta-feira, novembro 08, 2007

Take Another Plane



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Já um pouco atrasado, mas vale a pena ler este post da Carlota. No fundo, no fundo, nada de muito novo. A história suscitou uma chuva de comentários e em muitos deles se lia a palavra "incompetência". Eu não concordo. O que se passou na história da Carlota nada tem a ver com incompetência, mas sim com uma aflitiva falta de sentido cívico, brio profissional, um insuportável laxismo por parte de quem tem a vidinha arrumada e a reformazinha garantida. Um conjunto de atributos que são, a cada passo, patentes na sociedade portuguesa. Desde a ground-force da Tap, algures apontada como culpada pelo incidente até ao quadro superior de um qualquer banco que nos vai fazer o favor de conceder um empréstimo para aquisição de moradia, passando pelo empregado do restaurante rasca e a cheirar a fritos que acha que teve azar na vida, porque ele devia era ter uma cadeia de restaurantes todos com estrela Michelin.

Mas fica aqui a história. É a minha modesta contribuição para a sua divulgação. Não que ajude muito porque mesmo que toda a gente deixe de andar na TAP, o Estado lá viria, como sempre veio, com um camião de Euros. E quando a Comissão Europeia viesse com manias de que isso é ilegal, somos suficientemente chico-espertos para levar o assunto a tribunal e, perdendo, fazer os respectivos apelos. Até a coisa se diluir e a TAP começar a fazer umas massas outra vez. Afinal, não é assim que o Estado Português continua a cobrar ilegalmente IVA sobre o Imposto Automóvel, leia-se, um imposto sobre um imposto? Apesar da União Europeia já ter dito um milhão de vezes que o que o Estado português está a fazer é uma ciganice, mas uma ciganice no mau sentido do termo?

Bom… mas aqui fica a história da Carlota. E boa viagem.
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