segunda-feira, novembro 28, 2011

Melhor que a onda da Nazaré, só mesmo os patrimónios imateriais



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Há alturas de arrebatamento total. Foi a onda da Nazaré, depois o fado, agora o
azeite, os grelos e os peixinhos da horta.

Parece que a dieta mediterrânica faz muito bem à pele, à coluna e ao tracto intestinal. Mas convenhamos que este arrebatamento em curso com os patrimónios imateriais me causam já algum desconforto e me abusam da paciência. Até gosto de fado, fado vadio ou de taberna tipo «...e agora minhas senhoras e meus senhores com música do meu marido, letra do gajo que vive comigo e dedicado àquele gajo da mesa do canto vou cantar pra bocelências e porque sou uma pessoa de rima e mesmo uma pessoa de bem, e pelos turistas tenho estima, Ó tempo come back again...»

Mas de favas, azeitonas, broa e secretos de porco preto, há que registar que Portugal em lugar algum é banhado pelo Mediterrâneo e se forem avante com a imaterial iniciativa, que não se esqueçam das sopas de cavalo cansado. Que de imateriais tinham muito pouco mas alimentaram muita criancinha no tempo de Salazar, que ele é que sabia, e se o pão escuro era da dieta, o vinho não tinha menos importância porque dava de comer a um milhão de portugueses.
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