sexta-feira, julho 20, 2007

Qualidade de vida



[1897]

Quando calha ter de me deslocar ao centro de Lisboa (à Baixa do meu encantamento de miúdo) e observo o surro das paredes dos edifícios, as tábuas a tapar janelas de prédios devolutos, magotes de gente indisciplinadamente espalhada pelas ruas e passeios, carros atravancados e a atravancarem, lixo, montinhos (ai os montinhos de pedras…) de pedras da nobre e horrorosa calçada lisboeta, os taipais das obras, as carrinhas a fazer entrega de pacotes de leite, bolos de arroz ou pernis de vacas e porcos aos ombros de uns quantos tipos suados e barulhentos (os lisboetas não falam, gritam…), os taxis barulhentos e a tingirem a atmosfera com o negro do “gasól”, as gruas, as lojas sujas e devolutas, os milhares de pombos a conspurcarem as ruas já conspurcadas com o cocó dos cães gigantescos que os portugueses insistem em ter em apartamentos minúsculos e umas centenas de turistas com ar aparvalhado a tirarem fotografias ao lixo e às obras, quando calha ter de passar por este cenário, dizia eu, é quando me lembro do conforto, da ordem e da qualidade de vida que transpiram de um café alemão. Que podia ser holandês. Ou Suíço. Austríaco, ou mesmo espanhol, aqui ao lado...


.

Etiquetas: