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Estes casos de turistas e violações acidentais sempre suscitaram em mim algumas angústias. Há cenários circunstanciais que induzem a situações fluidas para sedutores e seduzidos. Navios de cruzeiro e mesmo aviões (já Emmanuelle o demonstrava e não me consta que “o paradigma se tenha alterado” apesar do cada vez mais apertado espaço da classe turística, mas nada que um levantamento do apoio do braço e uma mantinha daquelas que Deus Pinheiro costumava roubar na TAP não resolva) são terreno demasiado escorregadio para que se faça juízos de valor para qualquer das partes. De resto há hoje um forte fluxo de “turismo de aventura” e essa aventura tanto passa pela travessia de um continente num veículo todo o terreno, como um mergulho no espaço devidamente amarrado a um paraquedista encartado ou, ainda, um mergulho nas águas mornas do Índico ou do Caribe com alguém experimentado que nos precate das alforrecas.
Em qualquer dos casos, o sexo acidental tem uma componente muito forte e não há como escamotear o facto. Que não é, de resto, pecado mortal, acho óptimo, desde que se respeite um mínimo de regras de ética e bom senso. O que acontece, como pode muito bem ser o caso vertente, é que o sedutor (ou seduzido) incauto pode transforma-se num “terrível predador”, se não se rodear de certas cautelas. É o que se poderá chamar de sexo seguro sendo que, na circunstância, sexo seguro pode significar estar-se seguro de que não se fica refém do parceiro/a para o resto da viagem ou da estadia no hotel. Lembro-me, por exemplo, de um hotel nas Maurícias (La Pirogue, já agora) que dispõe de um grupo de “entertainers” (crioulos bronzeados e espadaúdos) e de uma vez em que um deles se viu “grego” com uma turista alemã que, ao ver-se diluída na maré de outras pretendentes ao crioulo em causa, apresentou uma queixa contra ele, por tentativa de violação. Não sei como é que "aquilo" ficou, espero que o rapaz se tenha safo (lembro-me bem do assédio a que ele fora sujeito durante a minha estadia) e a alemã acabou por viajar de regresso no mesmo avião que eu. Pelo sim pelo não, dei carinhosamente a mão à minha mulher de cada vez que a teutónica predadora olhava para mim.
Nota: Não faço ideia do que se passou neste cruzeiro. Só acho que uma violação por sexo oral… no salão de jantar… o barulho das luzes... tropical “heat”... champagne bubbles... blues sound, enfim, deixa-me estar calado para que me não me caia o mundo em cima. .
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