segunda-feira, janeiro 11, 2016

As irritações boas e as irritações más



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Eu acho extraordinário o escarcéu que se gerou por aí porque Marcelo Rebelo de Sousa se irritou (foi o termo mais usado) com Sampaio da Nóvoa. No que me diz respeito, acho mesmo que Marcelo demonstrou uma notável contenção em face da mesquinhez e do estilo rasteiro dos argumentos de Sampaio da Nóvoa. Mas dando de barato que parece ser de bom-tom as pessoas não perderem a fleuma em momentos tão elevados como os debates para as (nossas) presidenciais, há que registar como há a irritação boa e a irritação má. Como em tudo o que mete as benfeitorias do socialismo e as malfeitorias do «fascismo». Por isso, atentos veneradores e obrigados, os artífices da opinião pública, vulgo comunicação social, vão dando conta das irritações boas, mesmo que elas configurem pura má-educação ou um lamentável e complexo «feitio» de gente que acha que tem prerrogativas que lhe foram concedidas por um respeitável passado antifascista.

O Expresso, por exemplo, vai passando uma galeria de indignações, das boas, como esta. E como tal devem ser tomadas como reacções intrínsecas aos dotados das práticas dos bons costumes e da bondade de espírito. Por isso, Soares pôde berrar com um pobre GNR e as pessoas digerem um misto de respeito e consolo por ter tão insignes figuras que se indignam assim, com a nobreza e fibra do «homem novo», no «tempo novo». Já Marcelo, irritado mas claramente nos limites da decência e do respeito pelo próximo, foi amplamente remetido para a ralé política. Porque se zangou, porque se irritou, mesmo que isso tenha acontecido com uma das mais irritantes criaturas como Sampaio da Nóvoa. Acresce que, pela calada, é partidário de Durão Barroso, Cavaco e Passos Coelho, hoje por hoje perigosos representantes da camarilha fascista que luta denodadamente pela manutenção do tempo velho.



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