As irritações boas e as irritações más
Eu acho extraordinário o escarcéu que se gerou por aí porque
Marcelo Rebelo de Sousa se irritou (foi o termo mais usado) com Sampaio da
Nóvoa. No que me diz respeito, acho mesmo que Marcelo demonstrou uma notável
contenção em face da mesquinhez e do estilo rasteiro dos argumentos de Sampaio
da Nóvoa. Mas dando de barato que parece ser de bom-tom as pessoas não perderem
a fleuma em momentos tão elevados como os debates para as (nossas)
presidenciais, há que registar como há a irritação boa e a irritação má. Como
em tudo o que mete as benfeitorias do socialismo e as malfeitorias do «fascismo».
Por isso, atentos veneradores e obrigados, os artífices da opinião pública,
vulgo comunicação social, vão dando conta das irritações boas, mesmo que elas
configurem pura má-educação ou um lamentável e complexo «feitio» de gente que
acha que tem prerrogativas que lhe foram concedidas por um respeitável passado
antifascista.
O Expresso, por exemplo, vai passando uma galeria de indignações, das boas, como esta. E como tal devem ser tomadas como reacções intrínsecas aos
dotados das práticas dos bons costumes e da bondade de espírito. Por isso,
Soares pôde berrar com um pobre GNR e as pessoas digerem um misto de respeito e
consolo por ter tão insignes figuras que se indignam assim, com a nobreza e
fibra do «homem novo», no «tempo novo». Já Marcelo, irritado mas claramente nos
limites da decência e do respeito pelo próximo, foi amplamente remetido para a
ralé política. Porque se zangou, porque se irritou, mesmo que isso tenha acontecido
com uma das mais irritantes criaturas como Sampaio da Nóvoa. Acresce que, pela
calada, é partidário de Durão Barroso, Cavaco e Passos Coelho, hoje por hoje
perigosos representantes da camarilha fascista que luta denodadamente pela
manutenção do tempo velho.
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Etiquetas: coisas boas, coisas más, irritações
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