Guterrar outra vez
Este homem, hoje por hoje, é um dos principais artífices do
destrambelhamento do nosso país, como é do conhecimento geral. Desde o dia em
que alegremente debitava discursatas hiperbólicas de êxito assegurado durante a campanha eleitoral,
intervaladas pelo trauteio de Vangelis entre as suas deslocações, até ao dia de
juízo final em que, com ar grave (mas acusatório) fugiu da vida política, acusando
o país de se encontrar no pântano que ele próprio nutriu.
Agora, liberto das suas funções profissionais, resolveu
regressar às origens, começando por fazer estrondosas acusações à Europa de
falta de solidariedade para com os refugiados. Não lhe passa pela cabeça acusar
seja quem for, quiçá os verdadeiros causadores de toda esta tragédia, mas sim
uma Europa quase exaurida de recursos (e de paciência) perante a magnitude do
êxodo. Só em 2015, entraram cerca de um milhão de refugiados que a Europa, com
os recursos disponíveis e manejando diferenças naturais de posicionamento político
numa manta de mais de uma vintena de retalhos, foi absorvendo. Apesar de tudo,
entenda-se os trágicos acontecimentos de percurso. Este, noticiado ontem, acaba
por ser pequeno, se comparado com contínuos assassinatos e comportamentos inadmissíveis
que a falta de solidariedade europeia não conseguiu acomodar satisfatoriamente.
Paralelamente, a Europa teve de aguentar ainda o percurso viral do politicamente
correcto, onde nem o Papa faltou com algumas diatribes e em que qualquer gesto
recriminatório contrário á torrente politicamente correcta era de imediato
considerado fascista, chauvinista, xenófobo, racista e o mais que fosse apropriado.
Faltava agora Guterres acusar a Europa, alto e bom som. Esta
oratória já cansa e chega a nausear os mais resistentes. A Europa não só tem
sido solidária, mau grado as dificuldades próprias de uma inusitada situação,
como continua a ser o destino preferido de hordas de migrantes, uns trágica e
genuinamente vítimas de regimes sanguinários, outros, com clareza, aproveitando
a corrente para, com a maior desfaçatez, dar continuidade a este degradante
processo dos valores que nos levou décadas a estabelecer. E fazem-no por estratégia
ou meramente por ódio.
E Guterres… que vá chatear o Camões. Ou que concorra a
outro cargo qualquer na ONU. Por cá, tirando um ou outro crédulo (já cheguei a
ler por aí que depois do que ele disse, apesar de beato até votavam nele para
presidente), estamos cansados de guterrices.
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Etiquetas: Europa, Guterres, refugiados
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