António Lobo Costa Xavier
Foi na Quadratura do Círculo. O programa onde supostamente
se junta a nata dos comentadores/analistas políticos, mesmo com o terno e
planeado pluralismo que naturalmente emana da presença de um político (!!!) do
calibre de Jorge Coelho, de quem, Deus me perdoe, só oiço banalidades inanes,
proselitismo nauseabundo e palavreado balofo onde abundam os “hadem” e, anteontem,
a "grandidade" (suponho que ele queria falar na “grandeza” deste governo, mas
saiu-lhe aquilo). Se houver dívidas é verem o vídeo do programa de anteontem.
Pois no cream of the crop do comentário político foi possível
usar, sem exagero, 4/5 do tempo malhando no PSD em geral e no Passos Coelho em
particular. Por mim, acho que a “coisa” assume já contornos de uma patologia
estranha que não sei definir. Quando o comentário político que, por definição, presume um posicionamento crítico em relação ao Poder e se torna na mais despudorada,
contínua e acéfala campanha contra um homem de quem há dois anos ouço dizer que
está morto e enterrado, eu tenho de parar para reflectir e tentar fazer uma avaliação
higiénica de tudo quanto se está passando, no meio de quem ando a ser pastoreado
e a quem pago cerca de metade dos meus proventos anuais.
Não é crível, nem aceitável, que se assista ao presente
desiderato. Sobretudo quando tenho um governo que, esse sim, deveria pedir
desculpa aos portugueses pela sua arrepiante ineficácia, pela forma como conduz
Portugal a um posicionamento dúbio no palco internacional que só nos envergonha
e que nos encaminha, literalmente, para nova bancarrota e, sensivelmente, estende uma passadeira vermelha aos regimes obsoletos e danosos de totalitarismo, pensamento único e destruição de tudo quanto nos tem custado alcançar. E, neste caso, como
gosta de dizer Jorge Coelho, são os próprios números que falam. Como os da dívida
e dos juros, mas aqui diria eu, não Jorge Coelho.
Ontem, até Lobo Xavier parecia um caniche enclausurado em casa
e que se leva ao parque ao fim da tarde e começa aos pinotes. Lobo Xavier anteontem ontem
esperneou, saltou, fez cangochas, pinos e cambalhotas para acusar o homem que
tem andado mais calado nos últimos tempos – Passos Coelho. Apesar, e
reconheçamo-lo, de ter cometido um erro de que já se penitenciou e desculpou. E,
naturalmente, daquela cena idiota das 24 horas, protagonizada por um
inexperiente chefe da bancada parlamentar e que deu origem ao gáudio da
geringonça.
Tudo isto é estranho. Como um homem morto e enterrado faz
soltar tanta poeira é coisa que verdadeiramente me espanta. E faz-me lembrar
aqueles cães com uma incrível e improvável mistura de genes que quando mordem
não abrem a boca nem à paulada na cabeça, ou as barracudas, com o mesmo tipo de
reacção. Com a diferença de que tanto o cão como a barracuda se limitam ao
impulso dos genes, enquanto os malhadores de serviço no anterior legislatura e
no lambebotismo de uma situação de conveniência têm, se quiserem, capacidade de
pensar. E de manter um módico da dignidade que, obviamente lhes falta.
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Etiquetas: Ai Portugal, Quadratura do Círculo
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