À la MST
MST acordou baralhado
e debitou uma algaraviada de ideias e factos (muitos deles provavelmente
soprados pelo seu amigo EB) e fez uma das suas mais confusas crónicas, quase
tão confusas como as suas intervenções na SicN. Pelo meio, aquela virtude bem
portuguesa de dizer mal de alguém (no caso, Trump em particular e os americanos
em geral, sempre a jeito para levarem uma bordoada, com ou sem razão) e a
emulação de um povo, o russo, como uma espécie de Rosa&Teixeira que só
assenta bem aos corpos elegantes. Como os dos russos, pontilhados de cultura, virtude
e estoicismo, tanto que obliteram sem dificuldade as tropelias criminosas de
que foram dando prova tanto no czarismo como, principalmente, já como União
Soviética.
Já os americanos, broncos
e ignorantes, paridos dos Colt 45, das forcas arbitrárias, dos stampede de
búfalos, Pocahontas degeneradas e traidoras da tribo, lutas sangrentas com os
índios (afinal nada de muito diferente do que os russos fizeram, alargando o
território em não sei quantos quilómetros quadrados por dia, coisa de impante
relevo de MST na crónica), dos duelos, dos “americanos profundos e ignorantes” e
do melting pot que lhes dá uma dor de cabeça danada merecem o desprezo de MST.
Que esquece que deve aos americanos falar português e possa continuar a viver num país estranho como o nosso, frequentemente à custa de povos desenvolvidos que
nos vão dando uns trocos, de cada vez que nos vem a febre do socialismo, o que
acontece com infeliz frequência.
MST desbobina depois
uma cassete onde constam alguns dos melhores escritores do mundo e o bem nutrido
boião de cultura que são a imagem de marca da Rússia. Mas convinha MST não se
deslumbrar e entregar-se ao panegírico de um povo pela narrativa do tal amigo
dele, numa refeição no tal restaurante mais bonito do mundo e da cidade mais
bela do mundo. Qualquer cronista mais avisado e, quiçá, mais intelectualmente
honesto que MST seria capaz de inverter as coisas e falar de cultura americana,
das qualidades do grande povo americano (mesmo cheio de Trumps), da sua
extraordinária capacidade de trabalho e desenvolvimento e, sobretudo, pelo mais
conseguido, justo e insubstituível conceito de sociedade e que dá pelo nome de
democracia, onde a liberdade individual é consagrada, ainda que no respeito pelo individualismo e liberdade dos outros. Uma coisa em que os americanos não pedem meças a ninguém, muito
menos aos russos, que continuam a achar a democracia e a liberdade umas coisas
assim meio para o esquisito. E já nem falo de nós, que ainda hoje somos o único
país europeu a brincar (e a aturar) aos comunistas. E sobretudo, não esquecer que os russos foram responsáveis por um período trágico da humanidade, quando mataram milhões e, nao menos grave, moldaram a mentalidade de outros milhões de jovens que nasceram entretanto.
NOTA: Esta crónica vai
bem com o Expresso. No fundo, um órgão de comunicação social muito à la MST.
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Etiquetas: Donald Trump, Miguel Sousa Tavares, Putin, Rússia
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