Ainda Fidel
Estive “out of order” quando o tirano caribenho, de cuja
ascendência galega os portugueses parecem sentir um estranho orgulho, se finou.
E há uma torrente de comentários sobre o assunto, pelo que me dispenso de
acrescentar seja o que for ao óbvio. Fidel era um tirano, um torcionário
vaidoso e, no fundo e na minha modesta opinião, a utopia que defendia era tão
utópica como o desejo real de obter ajuda material por quem lhe parecia mais
habilitado para o fazer. Obviamente os Estados Unidos.
Levou sopa, zangou-se,
amuou e virou-se para os soviéticos que viram nele uma boa oportunidade. Uma
forte ajuda material nos preços políticos da cana-de-açúcar em troca do estabelecimento
de uma base de mísseis a escassos quilómetros do território americano. E assim
se esteve à beira de um conflito nuclear por força dos dislates de um louco
que, mais tarde e com as costas quentes, se entreteve a matar gente só porque
usavam risco ao meio ou tinham mau hálito.
Nada disto é novidade, por isso faço apenas um registo de um
facto que tive oportunidade de viver, qual seja a tremenda impressão que senti
quando tive de lidar profissionalmente com bastantes cubanos num país africano.
Gente jovem e que desenvolvia trabalhos de pulverização aérea em campos
agrícolas. E foi impressionante perceber como a morte de muitos oposicionistas
foi, seguramente, uma situação trágica e criminosa, mas tê-lo-á sido menos a
verdadeira formatação de gerações nascidas já sob o jugo do tirano e que
claramente manifestavam essa formatação? Não só acreditavam piamente que o mundo
era composto por sociedades infectas e infelizes por não terem tido o
privilégio de desfrutar os ensinamentos de um líder como Fidel como se sentiam
extremamente felizes por serem eles os ditosos cidadãos dessa sociedade nova,
solidária, revolucionária e internacionalista.
E demonstravam-no cabalmente. Ao
mesmo tempo que se sentiam felizes e honrados, repito, honrados, por serem
espoliados num trabalho que era pago miseravelmente em moeda local enquanto os
verdadeiros salários, equiparados àqueles que os “capitalistas corruptos”
recebiam eram pagos directamente ao Estado cubano. Havia uma compensação,
todavia. Esses pilotos recebiam “pontos”, semelhantes aos que as gasolineiras
pagam por cada litro de combustível que consumimos, que lhes davam direito a
adquirir um artefacto de luxo, como um electrodoméstico, um carro dos anos 50
ou, ainda, uma caderneta de abastecimento extra de alguns alimentos.
Foi só um registo. Matar gente por capricho é nauseabundo.
Mas formatar jovens, durante gerações, como os que vi nesse país africano, felizes
e contentes pelo seu líder e por poderem comprar um aspirador quando chegassem
a casa não o era menos. Felizmente, havia os balseiros e os desportistas que
acabavam por perceber o logro e escapavam o”paraíso”. Muitos não escapavam
porque sabiam que lhes prendiam a família.
Sinto-me envergonhado pela forma como o meu país “tratou” o dossiê
da morte do líder criminoso. Com particular relevância para o Presidente da
República.
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Etiquetas: Fidel
2 Comments:
Explorar desta forma cono o Regime está a fazer a morte do
Sátrapa da ex-URSS parece repugnante a toda e quqlquer pessopa
Explorar desta forma cono o Regime está a fazer a morte do
Sátrapa da ex-URSS parece repugnante a toda e quqlquer pessopa
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