Gente escovada. Uma questão de latitude?
[4004]
Ontem, distraidamente, dei-me conta de uma análise do ano futebolístico nacional. Comecei a perceber uma entoação agradável, um perfeito posicionamento de voz, uma dicção impecável, uma eficaz e judiciosa articulação das ideias na construção do tema em apreço, uma sobriedade notável, um português escorreito, correcto, elegante e com miolo.
Eram dois conhecidos jornalistas, David Borges e Ribeiro Cristóvão. Curiosamente ambos de origem ou oriundos de Angola. Há momentos avulso que me fazem reflectir que ir além da Trafaria e pular o equador para o lado de lá nos fez muito bem. Que pena os retornados não terem sido mais…
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Ontem, distraidamente, dei-me conta de uma análise do ano futebolístico nacional. Comecei a perceber uma entoação agradável, um perfeito posicionamento de voz, uma dicção impecável, uma eficaz e judiciosa articulação das ideias na construção do tema em apreço, uma sobriedade notável, um português escorreito, correcto, elegante e com miolo.
Eram dois conhecidos jornalistas, David Borges e Ribeiro Cristóvão. Curiosamente ambos de origem ou oriundos de Angola. Há momentos avulso que me fazem reflectir que ir além da Trafaria e pular o equador para o lado de lá nos fez muito bem. Que pena os retornados não terem sido mais…
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Etiquetas: Bom português, comunicação social
5 Comments:
Espumante,
Se já meio amalgamados com cultura tupiniquim for de boa serventia, podem requesitar uns deste lado do Atlantico, talvez eles até tenham bons motivos para retornar:)*
Dulce Braga
Talvez «memo, né?» :))) Além de que muita coisa poderia mudar. Por exemplo.... hoje poderia haver uma festa porque é a última Quarta-Feira de 2010. Amanhã... uma festa porque em 2010 já não vão haver mais Quintas-Feiras. Na Sexta, poderia haver uma festa por ser a passagem de ano,claro,no Sábado, uma festa porque é o primeiro dia de 2011 e porque em 2011 ainda não houve festa nenhuma. Já no Domingo... hummm... uma festa porque... xacaver...porque já só faltam 5 dias para o Dia de Reis :))))
Isto não são bem motivos, são consequências, mas por uma boa causa as consequências são sempre boas também!
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Não me surpreende que quem parta conserve melhor – quando conserva - a pureza da língua do que quem fica. Os níveis de apego às origens são bem diferentes.
Um bom 2011, Nelson. :-)
Luísa
Eu vou discordar um bocadinho :)))
Da experiência que colhi por alguns países que conheci, acho que os portugueses que partem não conservam a pureza da língua. Daí que é comum os portugueses adquirirem sotaque,vocabulário e uma sintaxe muito peculiar, tudo adequado à língua do país que os acolhe. Daí as conhecidas graçolas sobre os emigrantes em França que vêm de «vacanças» e que já só lhes falta dois anos para a «retrete». Da mesma maneira que o emigrante na África do Sul vai à «markêta» comprar uma «blanqueta» (este da marketa é um exemplo verdadeiro...)ou o emigrante em Espanha passa a usar o «tu» como forma exemplificativa (exemplo, «quando nós esperamos fazer um bom jogo...» eles dizerm «quando tu esperas fazer um bom jogo...».
Por isso eu acho que os portugueses são maus a conservarem a pureza da língua. Longe dos ingleses, exemplo mais vivo, que falam inglês onde quer que estejam até porque muita gente fala inglês e eles são suficicientemente indelicados para não se esforçarem, ao contrário dos holandeses, dos suiços e dos nórdicos que fazem sempre os possíveis por falar a língua do país onde vivem.
Quando eu digo que nos fez bem passar a Trafaria e saltar o equador falo mais no sentido do alargamento dos nossos horizontes que nos permite uma forma de estar provavelmente mas adequada a uma boa forma de expressão. Tenho para mim que a fluência e o manejo da língua têm mais a ver com a cultura e mentalidade do que com a gramática que se aprendeu na escola e no liceu. E daí eu achar que esse alargamento de cenário (America is the land of progress, wide open spaces and skies of blue...)ajuda à estruturação de um discurso fluente, perceptível e, sobretudo, isento, dos rodriguinhos, português rebuscado e as horríveis corruptelas e «modas» quase sempre em uso na paróquia.
Não sei se me expressei por forma a fazer-me entender, mas creio que sim, que a Luísa percebeu o contexto.
Um bom ano para si também. Já agora, na nova casa :)
Quando me perguntam que línguas sei falar, digo de enxofre: Umbundo, Xhosa, Xangane, Machuwa, Tupi Guarani, Kikongo, Português, Inglês e Francês. Um bom português tem de seguir à risca as instruções de Pero Vaz de Caminha, de Fernão Mendes Pinto ou de Mouzinho de Albuquerque caso contrário nem sair do aeroporto sái!
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