terça-feira, dezembro 28, 2010

Gente escovada. Uma questão de latitude?




[4004]

Ontem, distraidamente, dei-me conta de uma análise do ano futebolístico nacional. Comecei a perceber uma entoação agradável, um perfeito posicionamento de voz, uma dicção impecável, uma eficaz e judiciosa articulação das ideias na construção do tema em apreço, uma sobriedade notável, um português escorreito, correcto, elegante e com miolo.

Eram dois conhecidos jornalistas, David Borges e Ribeiro Cristóvão. Curiosamente ambos de origem ou oriundos de Angola. Há momentos avulso que me fazem reflectir que ir além da Trafaria e pular o equador para o lado de lá nos fez muito bem. Que pena os retornados não terem sido mais…
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5 Comments:

At 9:50 da manhã, Blogger Dulce Braga disse...

Espumante,
Se já meio amalgamados com cultura tupiniquim for de boa serventia, podem requesitar uns deste lado do Atlantico, talvez eles até tenham bons motivos para retornar:)*

 
At 11:10 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Dulce Braga

Talvez «memo, né?» :))) Além de que muita coisa poderia mudar. Por exemplo.... hoje poderia haver uma festa porque é a última Quarta-Feira de 2010. Amanhã... uma festa porque em 2010 já não vão haver mais Quintas-Feiras. Na Sexta, poderia haver uma festa por ser a passagem de ano,claro,no Sábado, uma festa porque é o primeiro dia de 2011 e porque em 2011 ainda não houve festa nenhuma. Já no Domingo... hummm... uma festa porque... xacaver...porque já só faltam 5 dias para o Dia de Reis :))))
Isto não são bem motivos, são consequências, mas por uma boa causa as consequências são sempre boas também!
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At 3:11 da tarde, Blogger Luísa A. disse...

Não me surpreende que quem parta conserve melhor – quando conserva - a pureza da língua do que quem fica. Os níveis de apego às origens são bem diferentes.
Um bom 2011, Nelson. :-)

 
At 4:14 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Luísa

Eu vou discordar um bocadinho :)))
Da experiência que colhi por alguns países que conheci, acho que os portugueses que partem não conservam a pureza da língua. Daí que é comum os portugueses adquirirem sotaque,vocabulário e uma sintaxe muito peculiar, tudo adequado à língua do país que os acolhe. Daí as conhecidas graçolas sobre os emigrantes em França que vêm de «vacanças» e que já só lhes falta dois anos para a «retrete». Da mesma maneira que o emigrante na África do Sul vai à «markêta» comprar uma «blanqueta» (este da marketa é um exemplo verdadeiro...)ou o emigrante em Espanha passa a usar o «tu» como forma exemplificativa (exemplo, «quando nós esperamos fazer um bom jogo...» eles dizerm «quando tu esperas fazer um bom jogo...».
Por isso eu acho que os portugueses são maus a conservarem a pureza da língua. Longe dos ingleses, exemplo mais vivo, que falam inglês onde quer que estejam até porque muita gente fala inglês e eles são suficicientemente indelicados para não se esforçarem, ao contrário dos holandeses, dos suiços e dos nórdicos que fazem sempre os possíveis por falar a língua do país onde vivem.
Quando eu digo que nos fez bem passar a Trafaria e saltar o equador falo mais no sentido do alargamento dos nossos horizontes que nos permite uma forma de estar provavelmente mas adequada a uma boa forma de expressão. Tenho para mim que a fluência e o manejo da língua têm mais a ver com a cultura e mentalidade do que com a gramática que se aprendeu na escola e no liceu. E daí eu achar que esse alargamento de cenário (America is the land of progress, wide open spaces and skies of blue...)ajuda à estruturação de um discurso fluente, perceptível e, sobretudo, isento, dos rodriguinhos, português rebuscado e as horríveis corruptelas e «modas» quase sempre em uso na paróquia.
Não sei se me expressei por forma a fazer-me entender, mas creio que sim, que a Luísa percebeu o contexto.
Um bom ano para si também. Já agora, na nova casa :)

 
At 10:59 da tarde, Blogger Carlos Araujo disse...

Quando me perguntam que línguas sei falar, digo de enxofre: Umbundo, Xhosa, Xangane, Machuwa, Tupi Guarani, Kikongo, Português, Inglês e Francês. Um bom português tem de seguir à risca as instruções de Pero Vaz de Caminha, de Fernão Mendes Pinto ou de Mouzinho de Albuquerque caso contrário nem sair do aeroporto sái!

 

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