Do not disturb. Ou, em bom português, vão chatear o Camões
A1 - Indo eu, indo eu, a caminho de Viseu (clicar na foto)
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«Prontes». Começou o Natal a sério. À medida que as circulares internas das empresas e repartições vão circulando avisando os trabalhadores (!!!) das tolerâncias de ponto de 24 e de 30, os corredores dos escritórios vão ficando mais movimentados e as secretárias mais vazias. As saídas de Lisboa estão cada vez mais cheias de «lisboetas» que odeiam Lisboa e que, por isso e por ser Natal, vão à terra fazer as festas. Nunca se prive um «lisboeta» de ir à terra nas festas.
Nas empresas, assuntos que se pretende fiquem arrumados antes das festas vão ficando arrolados para depois das festas. Porque as pessoas já não estão nos locais de trabalho. Os telefones tocam indefinidamente, sem resposta, ou são atendidos por gente apressada que diz que a colega já não está e não sabe quando volta. À medida que a correspondência electrónica oriunda de outros países se avoluma no computador, mais difícil se torna dar-lhe vazão. Porque o seguimento local não é mais possível. As pessoas já não estão, as que estão não sabem do que se trata e as que estão e sabem do que se trata não podem porque o senhor Filipe não veio, o senhor Ventura já foi de férias ou a chefe hoje não veio e não se sabe se vem amanhã.
Ninguém faz nada já em Lisboa. As pessoas pensam nas compras, na viagem à terra, no vestido para o fim do ano ou que bem que podia ir menos gente lá a casa comer o bacalhau da consoada que a vida está que não se pode e já não há paciência para aquela tia que está meia xexé. Trabalhar é que já não. O trabalho é, já a partir de ontem, um factor extrínseco ao dia a dia do lisboeta que retruca mesmo, com má catadura, a quem ousa levantar questões que tenham a ver com tarefas relativas ao trabalho. Há exemplos absolutamente difíceis de entender não fosse o conhecimento que hoje tenho dos trabalhadores, esta espécie estranha que trabalha por definição, balda-se por índole e organiza-se a preceito sempre que é preciso vir para a rua berrar que a luta continua. Não lhe quebrem é o ritmo. Que isto de querer resolver assuntos dois ou três dias antes do Natal já não dá com nada. No fundo, toda a gente se encontra já a comer rabanadas. É isso. Uma rabanada. Bora lá!
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Etiquetas: Ai Portugal, natal, trabalho
7 Comments:
Fatias do Céu, Orelhas de Abade, Toucinho do Céu, Abade de Priscos, Jesuítas, Cardeais, Bolo dos Santos, Papos de Anjo…Rabanadas...Boa Vida...oooolha as calorias Espumante...:)*
é um fenómeno geral. Reflecte bem a consciência ou falta dela? do "trabalhador português". Depois queixam-se. Mas lá fora não é melhor!
Em Dezembro não há calorias. Tudo se resume a friorias e a essas não há orelhas de abade que cheguem :))) Mas "prontes" eu oooooolho :)
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Dulce
O comentário acima é, naturalmente, para ti
Anónimo
Lá fora não começam as ausências tão cedo. Acho...
Nelson,
Dá para entender que estás "docemente" acompanhado cheio de fatias, orelhas e abades, etc.
desejo-te um bom Natal e que não te percas nas calorias :))))
Papoila
Estou rodeado de coisas doces, sim. Incluindo leitores fieis e atentos do Espumadamente. Um beijinho para ti :))))
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