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A numeração ordinal e o posicionamento relativo aos pontos cardeais são uma forma prática e muito objectiva de orientação num agregado populacional, sobretudo nos grandes centos urbanos. A toponímia é igualmente aceitável e a atribuição de nomes de figuras ilustres, locais de relevo ou outras circunstâncias que ajudem à identificação fácil de uma rua, de um bairro ou de uma zona, parques, largos, pracetas e monumentos. Além de que nomes de figuras ilustres da história de um país são, sem dúvida nenhuma, um factor de enriquecimento histórico e social.
Em Portugal, as coisas não são bem assim. Quase todas as ruas, pracetas, rotundas, travessas, ao lado de grandes avenidas, parques e pavilhões desportivos têm nome de gente. E como as gentes, por cá, mais do que se evidenciarem, são evidenciadas de acordo com as suas claques respectivas, apoiadas em bairrismos, provincianismo ou a deferência habitual que dedicamos a “figuras históricas” como um treinador que tenha dado um título ao nosso clube de futebol, toque bem ferrinhos, cantores pimba e outras individualidades correlativas, ao lado de vultos realmente grandes da nossa história, o resultado é que as nossas aldeias, vilas e cidades são um enorme aglomerado de nomes, cuja maioria esmagadora, na maior parte das vezes, desconhecemos. Para agravar a situação e em obediência ao nosso espírito prático, “há razões que a lusa razão desconhece” e daí às ruas projectadas à rua Doutor José Maria dos Anzóis e Aguiar Pincel abrir parêntesis grande impulsionador do jogo do chinquilho na vila de Desaguizados de Baixo fechar parêntesis data de nascimento e de morte, Lote 6 –B, nº 34 - Bloco C, 3º Frente é um passo que ninguém no mundo se atreverá a tentar, sequer, entender.
Este artigo do Público lembrou-me que há as mais improváveis criaturas vivas que integram já a toponímia nacional. Pinto da Costa, Avelino Ferreira Torres, o impagável ex-ministro Pinho e, segurem-se, José Carlos Malato são nomes que já podem figurar nos nossos cartões de visita.
Daí que eu concorde com esta medida do Partido Socialista. "Quer-se dizer"… concordaria, se ela própria não relevasse também desta mola que irreprimivelmente nos projecta do poder discricionário de organizar, legislar e, de preferência, proibir. Proibir qualquer coisa. Uma herança que nos vem dos tempos do proibido proibir, misturada com o aroma do poder que experimentamos em exercê-lo, ao poder, proibindo qualquer coisa. Um desiderato que nos dá uma noção de poder, ainda que efémero e vai bem com o espírito pequenino que gostamos de emprestar às coisas pífias do ritmo paroquial das nossa vidas. E convencer-nos que, não fôssemos nós e…
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Etiquetas: Ai Portugal, me worry?, PS
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