Parir noutra freguesia
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Correia de Campos nunca fez muito "sapatilha para o meu pé". É truculento, fala com as pessoas como se lhe devêssemos dinheiro, ralha por tudo e por nada e, frequentemente, engana-se, como ainda há pouco aconteceu com o número de oftalmologistas de um hospital qualquer que já nem me ocorre. Depois, há aquele pormenor de ele não gostar de médicos. Está no seu direito… eu também não gosto muito, abro excepções para médicas, por um inalienável gosto e respeito pelo sexo oposto e por uns quantos (poucos) que fazem o favor de ser meus amigos e não se me dirigem com aquele ar de "que chatice, vou ter que explicar física quântica ao homem do talho". Só que eu não sou ministro e ele é.
Voltando a Correia de Campos, também lhe dou o desconto de ele, volta e meia, dizer de manhâ aquilo que à tarde se vê obrigado a desmentir. Aliás, nem sou eu a notá-lo, a maior parte dos jornalistas lhe refere esta particularidade. Mas a verdade é que nesta questão das maternidades, convenhamos que o homem também não é louco nem bipolar e se ele quer fechar umas quantas maternidades lá terá as suas razões. Não acredito que a patologia nacional já tenha chegado ao ponto de termos ministros que acordam de manhã e, depois de bocejar, digam: -"Boa, hoje vou fechar a maternidade de Alcochete… não, "xacáver", a do Montijo, que o Futre é de lá e sempre tem mais impacto". Não acredito, que querem? Há um mínimo nestas coisas e o homem lá terá as suas ponderosas razões que não me parecem, aliás, difíceis de descortinar. É que habituados às políticas "a gente faz, a gente abre, a gente diz, tá-se bem" do PS, chegaria o dia em que era preciso cortar qualquer coisa e não é difícil aceitar que esta questão das maternidades esteja mal equacionada e se deva racionalizar o problema, sem prejuízo das parturientes, fechando algumas.
Com o que Correia de Campos não contava era com o orgulho nacional. De repente, ter uma maternidade na terra tornou-se mais importante, imagine-se, que ganhar o Mundial da Alemanha, tornou-se num verdadeiro desígnio "sampaísta" e aqui d’el rei que Lisboa é que manda e se as mulheres já mandavam no corpo agora querem mandar no sítio onde vão colocar o corpo para parir. Até Badajoz serviu para elevar o espírito e gesta de 1640 e o brado de "nem uma criança nascida em Badajoz" fez-se ouvir atè Aljubarrota, ecoando depois nas vetustas paredes do castelo de Guimarães (ainda ninguém explicou, ou esteve para isso, que uma português nascido em Badajoz pode ser registado sem qualquer constrangimento um ou dias depois em Portugal e mesmo que não fosse possível, qualquer acordo de três linhas resolveria o problema).
Enfim, o Norte, como sempre, leva a palma nesta explosão patriótica e exige que os tribunais "façam qualquer coisa", que é o que está a dar agora - as chamadas providências cautelares. É o voluntarismo profundo, caldeado num provincianismo que já cansa, exaure, erode e nos…lixa (rimas traiçoeiras)!
Vejamos o que vai dar isto tudo, mas este tipo de problemas a provocarem o arreganho nacional, à mistura com aquela história de terem descoberto que daqui a 40 (!...) anos ainda seremos a lanterna vermelha da Europa faz com que nem o cozido a portuguesa nos valha e um dia destes passemos, em definitivo, a dizer aos nossos filhos para irem parir a outra freguesia. Algures, onde os netos fiquem a salvo desta laparotice nacional.
Correia de Campos nunca fez muito "sapatilha para o meu pé". É truculento, fala com as pessoas como se lhe devêssemos dinheiro, ralha por tudo e por nada e, frequentemente, engana-se, como ainda há pouco aconteceu com o número de oftalmologistas de um hospital qualquer que já nem me ocorre. Depois, há aquele pormenor de ele não gostar de médicos. Está no seu direito… eu também não gosto muito, abro excepções para médicas, por um inalienável gosto e respeito pelo sexo oposto e por uns quantos (poucos) que fazem o favor de ser meus amigos e não se me dirigem com aquele ar de "que chatice, vou ter que explicar física quântica ao homem do talho". Só que eu não sou ministro e ele é.
Voltando a Correia de Campos, também lhe dou o desconto de ele, volta e meia, dizer de manhâ aquilo que à tarde se vê obrigado a desmentir. Aliás, nem sou eu a notá-lo, a maior parte dos jornalistas lhe refere esta particularidade. Mas a verdade é que nesta questão das maternidades, convenhamos que o homem também não é louco nem bipolar e se ele quer fechar umas quantas maternidades lá terá as suas razões. Não acredito que a patologia nacional já tenha chegado ao ponto de termos ministros que acordam de manhã e, depois de bocejar, digam: -"Boa, hoje vou fechar a maternidade de Alcochete… não, "xacáver", a do Montijo, que o Futre é de lá e sempre tem mais impacto". Não acredito, que querem? Há um mínimo nestas coisas e o homem lá terá as suas ponderosas razões que não me parecem, aliás, difíceis de descortinar. É que habituados às políticas "a gente faz, a gente abre, a gente diz, tá-se bem" do PS, chegaria o dia em que era preciso cortar qualquer coisa e não é difícil aceitar que esta questão das maternidades esteja mal equacionada e se deva racionalizar o problema, sem prejuízo das parturientes, fechando algumas.
Com o que Correia de Campos não contava era com o orgulho nacional. De repente, ter uma maternidade na terra tornou-se mais importante, imagine-se, que ganhar o Mundial da Alemanha, tornou-se num verdadeiro desígnio "sampaísta" e aqui d’el rei que Lisboa é que manda e se as mulheres já mandavam no corpo agora querem mandar no sítio onde vão colocar o corpo para parir. Até Badajoz serviu para elevar o espírito e gesta de 1640 e o brado de "nem uma criança nascida em Badajoz" fez-se ouvir atè Aljubarrota, ecoando depois nas vetustas paredes do castelo de Guimarães (ainda ninguém explicou, ou esteve para isso, que uma português nascido em Badajoz pode ser registado sem qualquer constrangimento um ou dias depois em Portugal e mesmo que não fosse possível, qualquer acordo de três linhas resolveria o problema).
Enfim, o Norte, como sempre, leva a palma nesta explosão patriótica e exige que os tribunais "façam qualquer coisa", que é o que está a dar agora - as chamadas providências cautelares. É o voluntarismo profundo, caldeado num provincianismo que já cansa, exaure, erode e nos…lixa (rimas traiçoeiras)!
Vejamos o que vai dar isto tudo, mas este tipo de problemas a provocarem o arreganho nacional, à mistura com aquela história de terem descoberto que daqui a 40 (!...) anos ainda seremos a lanterna vermelha da Europa faz com que nem o cozido a portuguesa nos valha e um dia destes passemos, em definitivo, a dizer aos nossos filhos para irem parir a outra freguesia. Algures, onde os netos fiquem a salvo desta laparotice nacional.
6 Comments:
Agora concordas comigo, que já tinha comentado no teu post sobre os "porcos" que a malta devia pirar-se e deixá-los a ir parir todos para Badajoz!
Bora comer pastéis de nata para outra freguesia!
Amigo, cá no Montijo já ninguém pare há muito tempo. Esse foi uma das causas por que os montijenses ainda se batem, sabendo contudo que é em vão. A maternidade foi fechada pela Ministra da Saúde Dra Leonor Beleza in illo tempore. Apesar da pouca simpatia que se nutre cá em casa pela senhora ministra de então, diz-se também que a medida é acertada porque há coisas como neonatologia e outras "gias" que contam nisto de nascer e de viver logo a seguir. Eles lá sabem! Em Alcochete ainda se nasce menos, pois há muito que não há hospital em Alcochete. Para mim o problema destes ministros é aquele que sempre se criticou ao PSD: a arrogânciae a altivez. Como tu dizes e bem, ele pode ter as suas razões, mas podia tratar o povo de outra maneira.
Beijinhos que eu nem sei bem o que é que estou a escrever, pois isto parece uma tira das antigas calculadoras....
O que é que deu à tua caixa de comentários?
A questão de fechar ou nao as maternidades é a lógica subjacente, economicista. Acredito profundamente que as instituições publicas devem ser rentáveis, mas são elas que devem garantir aquilo que as privadas não estão interessadas em fazer quando do interesse publico. Vamos tornar este país mais assimétrico, porque daqui em diante qual será a motivação para morar e parir num concelho pouco atractivo economicamente e sem maternidades? Ou teremos todos que seguir Vila de Rei e importar uns corajosos quaisquer? E quais serão os interesses que vão nascer desta falta de maternidades publicas?
E a procriação que é preciso estimular para garantir a sustentabilidade da Seg.Social?
Quanto ao tom do senhor Ministro não difere muito do tom dos Governos de maioria, os deputados são meros yes man.
125_azul
Bora. E traz a canela :)))
Madalena
Não sei a que tira te referes. Mas o meu blogue tem andado com manias. Para não desmerecer do dono, deve ser isso :)))
Quando falei em Montijo e Alcochete foi como pura figura de retórica. Presumo que os montijenses e alcochetenses se rerproduzam mas não fazia a mínima ideia onde é que os bebés nasciam :)) É a minha maneira estouvada de dizer as coisas. Mas tu levas tudo a sério e "prontes", fiquei a saber tudo.
Beijinhos montijenses
Out of time
A ideia de Vila de Rei talvez não seja má ideia, Brasileiros para VR; Ucranianos para, sei lá, Almeida, Angolanos para a serra da estrela :)))
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