O terrorismo e os pobrezinhos
Não sou muito de me referir ao Papa. Por uma questão de
respeito pela figura e porque, geralmente, a religião é none of my business.
Infelizmente eu e muitos como eu continuamos a ser muito do
business delas e, por vezes, as coisas incomodam. Se por incidência geográfica
e cultural tive uma educação judaico-cristã, é natural que do Papa espere um
comportamento harmonioso com os ditames do cristianismo e, sobretudo, um lastro
cultural que contribua para a resolução dos grandes problemas sociais.
O Papa Francisco não será exactamente um exemplo do que eu
gosto num Papa. Depois de umas recentes declarações que fez no Quénia, por
exemplo, alguém deveria explicar a Sua Santidade que o peronismo acabou de ser
(e, espero, que finalmente) remetido a uma condição mais ou menos museológica, com a derrota de Kirchner.
E que não tivesse sido. Sua Santidade deveria ser cuidadoso no enunciado do
verbo e perceber quando as suas palavras poderão ser interpretadas erradamente.
Já uma vez me irritei quando SS acusou frontalmente a Europa
dos problemas do mundo, mormente dos refugiados do Médio Oriente. Acho mesmo
que se passou dos carretos quando disse que todos nós (os europeus) devíamos ter
vergonha pelo que se estava a passar. Vergonha, foi a palavra que ele usou. Por
mim, não sinto vergonha nenhuma, salvo a vergonha de me ver envolvido
frequentemente neste complexo de culpa e vergonha em que a Europa acha por bem
vestir-se.
Desde os Mau-Mau (que por acaso nao eram bem os pobrezinhos, mas uma organização de Kykuyus, agricultores e criadores de gado que combatiam a soberania britânica) que não há terrorismo que se veja, no Quénia.
E os actos de terror lá perpretados recentemente têm sido levados a cabo por
gente que tem a ver com tudo menos com o Quénia que, reconhecidamente, é um país com
elevados índices de desenvolvimento e cidadania, quando comparado com muitos
outros países africanos. SS devia informar-se um pouco melhor antes de se
excitar e debitar vulgaridades.
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Etiquetas: Papa Francisco
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