Dementis convitia nihil facias
Os nossos patuscos meios de “comunicação social” foram
buscar os tudólogos do costume, e dois ou três católicos “progressistas”, para
comentar o novo Papa. Vi, por exemplo, a Constança Cunha e Sá a ter de pôr na
ordem a sra. D Sande Lemos – duma coisa chamada “somos igreja” mas que não deve
fazer a mais vaguíssima ideia do que seja a igreja a tremelicar contra uma
coisa chamada Raztinger, o perigoso “conservador”, como se o Papa Francisco
representasse um misto de Obama com Dilma no Vaticano. Noutro sítio, o
cachimbeiro prof. Rosas, ao lado do freizinho Domingues e de uma alta
comissária para os “diálogos”, insinuava contemporizações do novo Papa com a
ditadura argentina e muita crítica à “modernizadora” Kirschener o que, vindo de um historiador, só
um pano encharcado na cara poderia eventualmente resolver. Nem o baladeiro padre
Borga escapou. E assim sucessivamente na costumada insolência ignorante com que
se fala e escreve sobre tudo sem saber nada. Alguém no seu perfeito juízo
católico, apostólico e romano imagina que Bergoglio representa alguma descontinuidade
em mais de dois mil anos de história da Igreja fundada por Pedro? Ou que seja,
à semelhança dos que o antecederam, susceptível da menor tergiversação
relativamente à fé e aos seus fundamentos?
João Gonçalves, no seu «As Benevolentes»
Também vi a D. Sande Lemos e também gostei da atitude de Constança
Cunha e Sá. A D. Sande é uma das razões pelas quais frequentemente coro, só de
ouvir o estilo e substância de gente que, na verdade, não tem a mínima ideia do
que está a dizer, pendurando-se nos chavões que vai ouvindo aqui e ali. E
tratando-se de Igreja, como era o caso, a abundância de lugares-comuns e de
progressismo take away é imensa. João Gonçalves não refere pormenores, mas
ouvir a D. Sande a falar dos ouros e das rendas do Papa, da necessidade de se
«desvaticanizar» (juro que ela disse isto…) e de acabar JÁ com a pirâmide do
poder e iniciar um sistema colegial de decisão, tudo isto pelo meio dos pecados
da Igreja, que são imensos, como a pedofilia, a soberba e a indiferença pelos
desprotegidos provoca uma sensação muito semelhante à da filária na errância
subcutânea de um desprevenido nos trópicos.
É por estas e por outras que quando oiço estas criaturas me
fica na ideia que mais do que os desfavorecidos do hemisfério sul, onde o
catolicismo medra sem grandes constrangimentos, quem precisa realmente da
aplicação urgente das virtudes teologais e de um Papa apropriado somos nós. Os
europeus em geral e os portugueses em particular. Ah! E quando a Constança se
referiu à perda acentuada de valores na Europa e a Sande perguntou, tipo
trovão: Valores? Mas quais valores é que perdemos?
.
Etiquetas: Ai Portugal, comunicação social
2 Comments:
Só sei que ele, o Papa, tem um semblante delicioso de se olhar!*
Eu, cheia de ignorância atrevo-me a dizer muito simplesmente que simpatizei com ele.
Raramente consigo entender esses diálogos cheios de palavras difíceis :))))
Não vi o programa mas pelo que li deve ter sido um programão!
xx
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