A propósito de nada
Estão 6 graus. E o sol brilha. Adoro o frio com sol, adoro
olhar pelas janelas rasgadas do meu escritório em casa e ver as azedas no
jardim, doces de tão amarelas e viçosas. Adoro gente de quem gosto e,
felizmente, cheguei a um ponto em que já não me zango com as pessoas de quem
não gosto. Apenas as desprezo e as considero um pedaço de desperdício na
oficina de Deus, se é que Deus existe, coisa que ainda ando a tratar de
confirmar. Adoro o café fresquinho da manhã, puro e sem cápsula, em moagem de
máquina, a borbotar no topo da vetusta cafeteira que continua a fazer o melhor
café do mundo. Adoro gostar. Mesmo quando temos um rosário de coisas a implicar e a tentar atrapalhar o que eu gosto e não gosto. E adoro dizer coisas, umas
coisas assim soltas que parecem não vir a propósito de nada, que não significam
nada para ninguém, mas têm um especial significado para mim e mais meia dúzia,
muito meia mesmo, de pessoas. Algumas delas muito especiais. E adoro dizer meia
dúzia de banalidades que me dão prazer, como estas que agora me ocorreram, quanto
mais não seja porque ocupam o espaço de que as coisas más se tentam frequentemente
apropriar. E a essas dou cada vez menos importância, o que pode ter um
assinalável efeito terapêutico. Por exemplo, depois de algumas tentativas,
quebrei o meu costume diário de vir ao computador logo pela manhã com a TV em
ruído de fundo, apagando o televisor e proibindo-me de o ligar de novo, pelo
menos durante uns quatro ou cinco dias, fazendo uma ou outra excepção, como o
Dia Seguinte mais logo e os Olhos nos Olhos depois de amanhã. E ficar-me pela música. Pela Smooth Radio.
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Etiquetas: coisas simples
1 Comments:
Porque será?
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