A geringonça e a República
Ouvi, mecanicamente, os discursos de Medina e Marcelo hoje, a
propósito do 5 de Outubro. Se Marcelo conseguiu um discurso adequado e, diria,
honesto, já Medina transfigurou o que devia ser a comemoração de uma data da
nossa história no mais infecto episódio de propaganda à geringonça.
Medina é livre de fazer a propaganda que quiser à geringonça,
mas nos lugares apropriados e, sobretudo, em palcos onde não esteja percebendo
um salário suportado pelos seus munícipes e, muito menos, quando se encontra representando uma instituição. Provavelmente nem ele se apercebe da desonestidade e inadequação da coisa e age convencido que está a elaborar um discurso de longo
alcance substancial conteúdo. Não está. Primeiro, porque não vejo bem o que é
que há para propagandear na acção da geringonça, um mecanismo que nos fará
recordar, amargamente, a existência de um grupo de trapaceiros a levar-nos para
uma situação sem retorno, sobretudo quanto todos nós tivermos necessidade
fisiológica de deixarmos de conter a respiração e nos virmos obrigados a respirar
de novo (metáfora usada ontem por Passos Coelho a Clara de Sousa na entrevista) –
certamente já sem oxigénio que nos acuda. Segundo, porque, repito, Medina não
tem o direito de usar o tempo dele para, em vez de usar um discurso apropriado
à ocasião, nos instile uma reles acção de propaganda.
Medina é um case study para mim. Ainda não percebi onde se
gerou a ideia de que será um duro candidato à CML a abater, já porque nele não
vejo nada de duro nem de consistente. Vejo apenas um rapazinho rodado nos
salamaleques das escolas dos Yes-men e oriundo duma, ao que parece, família
progressista do Porto. Os pais eram comunistas o que, como se sabe, é uma forte
alínea do currículo que se deseja a um socialista. Para além disso entrou na
política com Guterres e começou a ganhar algum protagonismo com Sócrates. Tudo
recomenda e justifica o discurso com que hoje nos brindou.
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Etiquetas: 5 de Outubro, fernando Medina, geringonça
1 Comments:
Não esquecer que foi o responsável pelas Novas Oportunidades, o que para qualquer um seria uma mancha indelével no curriculo, porque se tratou de uma vigarice feita aos mais fracos dentro dos papalvos, e tudo com a benção do Estado.
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