Autofinanciamentos
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“Prontes”. A
Luar desenvolveu um novo conceito de luta, recusando o terrorismo. Mais
inteligente ainda. Para não ficar dependente de ninguém, resolveu autofinanciar-se. Como Palma Inácio e Mortágua (o pai, a filha ainda estava em
vias de vir ao mundo dizer para perdermos a vergonha) andavam meio tesos,
decidiram autofinanciar-se no Banco de Portugal na Figueira da Foz, nos idos de
67.
Hoje a coisa é meio diferente, quando alguém se autofinancia, costuma-se ir ao mealheiro ver o que lá está, ou mesmo ao banco, no caso de termos menos de €50.000 de saldo. Mas em 67 e considerando os altos desígnios daquela gente que, de resto, eram todos democratas e antifascistas, o que lhes dava assim uma “autoridade moral” e não uma “superioridade moral” no que era o universo da oposição ao Estado Novo, a coisa aceitava-se e foram ao banco buscar uns milhares. É certo que mais tarde devolveram algum, mas só um bocadinho porque grande parte já tinha sido usado em tarefas revolucionárias e antifascistas.
Hoje a coisa é meio diferente, quando alguém se autofinancia, costuma-se ir ao mealheiro ver o que lá está, ou mesmo ao banco, no caso de termos menos de €50.000 de saldo. Mas em 67 e considerando os altos desígnios daquela gente que, de resto, eram todos democratas e antifascistas, o que lhes dava assim uma “autoridade moral” e não uma “superioridade moral” no que era o universo da oposição ao Estado Novo, a coisa aceitava-se e foram ao banco buscar uns milhares. É certo que mais tarde devolveram algum, mas só um bocadinho porque grande parte já tinha sido usado em tarefas revolucionárias e antifascistas.
Ah! Também houve uns episódios de somenos, incluindo o rapto
e desvio de um navio de passageiros onde, por acaso, até mataram um triste
coitado que não tinha nada que arrebitar cachimbo. E, sobre isso, disse até Mortágua
(o pai, não confundamos) numa entrevista recente, que nestas coisas há sempre
imprevistos. Não se sabe bem quem apertou o gatilho mas o homem lá morreu para
aprender que se houvesse mais desvios de transatlânticos, não tinham nada que
complicar.
Onde é que se recorda, com um romantismo enternecedor, estes
episódios? No Público, pois claro. Uma tal São José Almeida continua a lutar para
que os últimos leitores do Público deixem mesmo de ser últimos e passem a usar
o jornal para acondicionar castanhas. E, patética e sórdida, continua a explicar
aos portugueses não só como é que estas coisas se faziam, como ainda como devemos
todos corresponder a estas pérolas de heroísmo, que o mundo já não é que era. Agora
é tudo uma cambada de castrados que se amouxam permanentemente à nova ordem
mundial que, como sabemos, já nem aceita os autofinanciamentos, por isso não
têm mais é que nos emprestar dinheiro e é se querem. Quando não, como dizia a
minha avozinha, arranjamos por aí um Coronel Tapioca que dê um esticão nisto
tudo.
Ganda São José Almeida. Não fosse gente deste calibre e desta verve e ficávamos todos sem saber destes exemplos dignos, corajosos e duma tremenda autoridade moral.
Ganda São José Almeida. Não fosse gente deste calibre e desta verve e ficávamos todos sem saber destes exemplos dignos, corajosos e duma tremenda autoridade moral.
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Etiquetas: e a luta que nunca mais acaba, Luar, Público, São José Almeida
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