Oui. Ou a vã glória de mandar
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Este deveria ter sido o título do filme de Manuel de Oliveira
(de resto, um filme que tentei compreender, sem resultado, e me fez duvidar da
minha inteligência, face à torrente encomiástica que já na altura corria
impetuosa pelo leito da fama) e não o “Non”.
Porque mandar, para os portugueses, é um artefacto mental só
ao alcance de certos funcionários que vêem no mando a afirmação antagónica à
sua pequenez. Essa terá sido, por exemplo, uma razão do êxito rotundo dos
fiscais das licenças de isqueiro, nos idos de cinquenta e sessenta, para proteger
a indústria dos amorfos. E era vê-los, disfarçados e sub-reptícios numa mesa de café, aguardando
pelo gesto descuidado de um cidadão acendendo um cigarro com isqueiro para se
levantarem, impantes, da cadeira e exigir a necessária licença de isqueiro. Os contínuos das universidades eram outro exemplo categórico da êxtase do "poder".
Esta cena das bolas de Berlim é muito semelhante. Não
consigo estimar quantas bolas de Berlim se vende nas praias, mas consigo
adivinhar que os réditos são exíguos e sem qualquer expressão nas receitas do
erário público. Mas sei imaginar o gáudio de um “fiscalete” das finanças e a
sensação orgástica de um yes-man durante as quarenta horas semanais (quase a
serem trinta e cinco) a passar uma multa a um homem que numa manhã de árduas
caminhadas na praia trabalha mais que o fiscal durante o mês todo. Ah! E com a
virtude de, ao contrário destes tiranetes de esferovite, tornarem muita gente satisfeita.
NOTA: este post incluia uma foto de um repórter do JN que foi erradamente tomado como um fiscal de finanças multando um vendedor de bolas de Belim. A Alexandra Sobral chamou-me a atenção para o facto pelo que de imediato retirei a foto e peço desculpas.. E agradeço sinceramente à Alexandra.
NOTA: este post incluia uma foto de um repórter do JN que foi erradamente tomado como um fiscal de finanças multando um vendedor de bolas de Belim. A Alexandra Sobral chamou-me a atenção para o facto pelo que de imediato retirei a foto e peço desculpas.. E agradeço sinceramente à Alexandra.
Peço desculpa
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Etiquetas: Ai Portugal, bolas de berlim, funcionalismo público, impostos e taxas
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