quarta-feira, novembro 04, 2015

Claro que vai haver acordo. Quisera estar enganado…


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Segundo César, o acordo tripartido de usurpação do poder ao Partido ganhador das eleições legislativas de 4 de Outubro deverá estar pronto antes da apresentação do programa de governo à AR.

Gera-se por aí alguma expectativa sobre a real possibilidade de não haver acordo e de o PS acabar por viabilizar o programa do governo. Eu, que nem sequer sou um pessimista encartado, permito-me discordar. Por parte do PS, não vejo como Costa e os seus apaniguados abram a mão do Poder tão cavilosamente urdido. O acordo é vascular para este grupo de pessoas que não sobreviverão sem ele e, por isso, tudo farão para que ele se enforme. Já para o Bloco e para o PC as coisas são mais fáceis, de certa maneira é-lhes indiferente que haja acordo ou não, talvez com algumas diferenças a crédito de Catarina Martins que vê nele uma distinta possibilidade de se manter em palco e aumentar, mesmo, o seu papel de artista principal. Mas não duvidemos que a existência de um acordo é preferível para a Esquerda não democrática. Rapidamente se chegará a uma situação de caos de que só mesmo o PC e o Bloco poderão tirar dividendos. Que não subsistam dúvidas – os comunistas não comem criancinhas (como eles próprios, estrategicamente, gostam de fazer crer que a Direita os acusa) mas continuam indefectíveis da teoria do quanto pior melhor. Para eles, está bem de ver, porque a manada só serve para que em nome dela se fale.

Tenho, para mim, pois, que vai haver acordo. Houve alturas em que pensei que o PR poderia ainda ter uma palavra sobre esta fraude, mas hoje tenho dúvidas. Resta-nos aguardar pela regressão. Mais troika, mais défice, menos prestígio e confiança internacionais (tão laboriosamente reganhados) e mais austeridade.

Talvez precisássemos mesmo de passar por isto. Para que as pessoas se convençam, de uma vez por todas, de que ou queremos pertencer à Europa ou não queremos. E passem a votar em conformidade. E, sobretudo, imunes à perfídia de uma comunicação social largamente responsável pelo estado de coisas a que chegámos. Eles sabem porquê. Ou não sabem, o que é ainda mais trágico.

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