terça-feira, outubro 06, 2015

Perderam o tino


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E eis que surge uma jovem, roliça e razoavelmente falante, com uns olhitos vivos e sensual q.b. que caiu no gosto do rebanho. Diz umas coisas com graça, outras sem graça nenhuma, quase todas com aquela insuportável altivez da chamada esquerda que acha que veio ao mundo para o endireitar. Mas, lá diz o ditado, em terra de cegos, quem tem um olho é rei. Para além de um conjunto de felizes coincidências, qual seja a de uma correlegionária, igualmente bonitinha e ladina, de verbo fácil e olhos bonitos ter aparecido num inquérito parlamentar e ter caído no gosto dos nossos jornalistas. Catarina se chama a primeira, Mariana, chama-se a segunda.

Juntas alcandoraram o Bloco de Esquerda à invejável posição de terem duplicado o número de deputados. E a grei estremeceu. Ali estava Catarina, actriz, como o CV diz, dando lições de política e de condução de massas. Levada ao colo pelos jornalistas, sobretudo pelas televisões (na campanha, dificilmente passavam cinco minutos sem que Catarina não aparecesse, quase sempre dizendo a mesma coisa), em breve Catarina lançava na obscuridade as Dragos, as Joanas (esta última mesmo despida) e passou a fazer parte da primeira divisão da nossa atmosfera política.

E de imediato passou a exigir e a impor regras. Ao PS, já se vê. Com os olhitos vívidos de ternura sonolenta e voz de falsete iniciou a lista de ditames que devem condicionar a colaboração do Bloco ao PS. As pessoas ouvem-na e excitam-se e ninguém se questiona como será possível esta piscadela de olhos do Bloco ao Poder? E no PS, quando mais não seja por uma questão de honra alguém lembrou a pequena que se há alguém que, pelo menos por enquanto, imponha condições são os socialistas e não o Bloco? E alguém colocou à jovem duas ou três perguntas, como por exemplo, o Bloco ainda quer nacionalizar a Banca, deixar o Euro, renegociar a dívida (no extremo, não pagar), instigar e monitorizar cursos intensivos sobre desobediência civil, assaltos à propriedade privada (com destruição de bens, como um campo de milho, por exemplo, coisa que de repente me veio à ideia…) e mais uma longa lista de “benfeitorias” que foram a imagem de marca de um Partido que não sabe nem quer conviver com a liberdade e a cidadania sacrossanta do individual?

A mim preocupa-me esta excitação. Com o PS derrotado, desmantelado e em claro processo de desagregação, coisa que, de resto, acho muito bem feito por nunca terem sabido libertar-se de utopias serôdias e estabelecer uma liderança eficaz que acabasse com a tralha jurássica de comunistas reciclados (objectivamente responsáveis por tragédias avulso da nossa sociedade, das quais me ocorrem, assim de repente, a descolonização exemplar, três bancarrotas e um punhado de vigaristas, alguns deles, felizmente, presos), receio que possam cair na tentação de não se amarrarem ao mastro e seguirem as sereias. Sobretudo porque esta sereia de olhos verdes, na minha opinião, não é mais que um subproduto de uma esquerda anquilosada e revanchista e sem qualquer competência ou consciência de governança. Para os mais distraídos, lembro, por exemplo, uma entrevista recente de José Gomes Ferreira em que Catarina Martins foi trucidada, perante questões de política macroeconómica em que, via-se, Catarina demonstrava não fazer a mais remota ideia do que se estava para ali a dizer.

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1 Comments:

At 11:29 da tarde, Blogger mov disse...

a praia da senhora é o teatro.
por isso, convenceu-se de que a sapiência pode aflorar se gritar e gesticular, como se estivesse a ser assaltada.

 

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