Não se calam
A esquerda saliva com o programa de ontem da SIC Notícias,
em que Mário Crespo é indicado (mesmo por outros que não a esquerda) como tendo
dado uma sova em Assunção Crista. Confesso que não vi o programa, ou melhor,
parece que o mesmo foi considerado tipo antibiótico de largo espectro e longa duração,
a avaliar pelo número de vezes que a SIC Notícias o repete, pelo que já vi o
essencial. E o que vi foi o habitual. Chego ao fim do programa e acabo por não
me lembrar já do tema da conversa. Fica-me na ideia um exercício execrável,
através do qual os nossos apresentadores parecem ufanar-se de mostrarem que
sabem mais que o entrevistado. Se o fenómeno cai em gente que acha que a idade
é um posto, então a coisa vira um espectáculo deprimente – o entrevistado não
tem sequer tempo para acabar um raciocínio porque o apresentador simplesmente não deixa.
Mário Crespo não é caso único. Judite de Sousa faz gala em
fazer o mesmo com Medina Carreira e de tal maneira o faz que, por vezes, me interrogo
sobre se está apenas a exibir-se ou se é estruturalmente estúpida.
Sonho com o dia em que um entrevistado se farte e faça como o
rei de Espanha fez a Chávez. E lhes diga: Ó homem cale-se, deixe-me falar. Ao
invés, parecem assumir uma postura reverencial, timorata, enquanto os Crespos,
Judites, Lourenços e outros, avulso e de menor expressão, nos tentam demonstrar,
ralhando, que os gatos gostam de alpista.
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Etiquetas: coisas do demo, comunicação social, cretinismo militante
1 Comments:
Fantástico como sempre, Nelson! Até que enfim que alguém refere este assunto absolutamente irritante e já dado como "normal"...
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