A doçura das azedas
Aí estão elas de novo. Viçosas, deliciosamente azedas e
amarelas. A cor que os entendidos associam à felicidade, riqueza e ouro. E,
ainda, à inteligência, luxo e nobreza. Diz-se que Vincent van Gogh tinha uma
especial predilecção pelo amarelo e a verdade é que ele explorou as suas
diferentes tonalidades com fervor. Há ainda quem, de uma forma bem mais simples,
identifique o amarelo com a luz, calor, descontracção, optimismo e alegria.
Por mim, as azedas são um pouco de tudo o que o amarelo das
suas flores encerra. Não sei especialmente porquê, mas deixo-me envolver por
uma dinâmica relaxante em que os atributos atrás referidos assumem um relevo
essencial. E há um particular sentimento que elas, as azedas, me trazem
invariavelmente. O sentimento de renovação, já que todos os anos, por esta altura,
elas cobrem os campos e um sentimento profundo de luz, calor interior,
optimismo e alegria. E, ainda, uma saudade boa de ter. Boa, porque transporta a
reminiscência de um passado recente e de um porvir cada vez próximo, sempre
renovados no significado do amarelo das suas flores e na magia que incute a
quem delas gosta.
Uma vez mais, os campos estão cobertos com a doçura das
azedas. *
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Etiquetas: coisas boas, coisas que só acontecem uma x ano, poesia avançada
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