domingo, março 13, 2011

Só agora? Não vêm tarde?

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Causa-me uma profunda irritação esta corrente generalizada de censura em relação a Sócrates, nuns casos mesmo consolidada em ira mal disfarçada, de cada vez que o homem dá um ar da sua graça, como aconteceu agora com mais um esbulho feito aos portugueses, sobretudo pela forma como a coisa foi feita. É certo que Sócrates é um exemplo acabado daquilo que se não deve ser como primeiro-ministro, um arrivista, um exemplo vivo do chico-esperto tuga com um espectro de actividades que lhe ilustram a condição, que vai das casas da Guarda a uma licenciatura domingueira, passando por toda a trampolinice, nunca provada, em que se viu quase permanentemente envolvido e consubstanciada em depoimentos, notícias e gravações telefónicas. Ele é isto tudo e muito mais, alguém na blogosfera lhe chamou mesmo um furúnculo e eu só acrescentaria que mesmo espremido, tem de ser espremido a doer para que lhe saia o carnicão na totalidade.

Mas, dizia eu no princípio, o que espanta é ver toda a gente muito irritada agora, quando há bem pouco tempo atrás de cada vez que se falava em Sócrates caía um inevitável «mas o PSD é a mesma coisa» e a seguir ia-se, de novo e alegremente, votar nele de novo. Afinal, qualquer pessoa medianamente atenta se poderia e deveria lembrar que Sócrates apresentava evidentes imagens de marca muito antes de ser primeiro-ministro, quando debatia na televisão com Santana Lopes. Já nessa altura se lhe notava a pesporrência, o provincianismo laparoto e a cartilha bem decorada para um aprendiz de feiticeiro. Mais tarde, limitou-se a apurar o estilo e a usar gravatas monocromáticas. O resto estava lá tudo, incluindo a sua inabilidade para línguas apesar das excelentes qualificações qualificações em inglês técnico domingueiro.

Irrita-me assim esta histeria generalizada, sobretudo por parte da comunicação social, pelo menos grande parte dela, que lhe deu cobertura, tudo entendia e perdoava, tudo lhe justificava, para não falar de outros exemplos execráveis como «Abrantes», «Pitas» e «Simplexes» que escreveram verdadeiras mirabolâncias e enormidades de fazer corar de embaraço e que agora andam mais ou menos calados como ratos prontos a abandonar o convés. Por outras palavras. Só agora é que repararam que o homem não presta?

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