O reaccionarismo criminoso e oportunista da CGTP e da UGT
[3972]
A ler este texto do Henrique Raposo (bold da minha responsabilidade):
A CGTP é uma fábrica de desemprego
I. Este greve tem uma ponta de ironia: aqueles que lideram a greve são aqueles que são mais protegidos, isto é, os funcionários públicos. Os funcionários públicos têm uma segurança absurda no emprego. Se uma empresa fecha as portas, os trabalhadores dessa empresa vão para o fundo de desemprego e depois têm de arranjar outro emprego. Se uma repartição pública perde a sua utilidade, os funcionários dessa repartição não são dispensados. Nem pensar, então. Que escandaleira fascista. Não senhor. Esses funcionários-públicos-que-estão-a-mais vão para um quadro de mobilidade, onde ganham, se não me engano, quatro sextos do seu vencimento. Mas, então, eu pergunto: mas há portugueses de primeira e portugueses de segunda? Por que razão os desempregados e trabalhadores das empresas têm de pagar esta segurança extrema do funcionário público? Por que razão o funcionário público têm direito a uma rede de segurança vitalícia? Sim, de facto, devíamos fazer greve, uma greve contra estes privilégios inaceitáveis dos funcionários públicos.
II. O sindicalismo português, representado pela GCTP e pela UGT, está perdido no tempo. A CGTP e a UGT são forças reaccionárias que impedem a adaptação de Portugal ao século XXI. Um exemplo: se os trabalhadores da Auto-Europa tivessem seguido as indicações dos sindicatos, a empresa já não estava cá. Felizmente, a comissão de trabalhadores da Auto-Europa negociou regras de flexibilidade que aumentaram a produtividade da empresa. Resultado: para o ano, os trabalhadores da Auto-Europa vão ter um aumento de 4%. Se os sindicatos tivessem impedido as mudanças "neoliberais" na Auto-Europa, os milhares de trabalhadores da fábrica estariam agora na rua a protestar contra o "neoliberalismo". A UGT e a CGTP são fábrica de desemprego.
III. Mais: os sindicatos são os piores inimigos da minha geração. Ao defenderem leis laborais ultra defensivas (as mais restritivas do espaço da UE, aliás, do espaço da OCDE), a UGT e a CGTP contribuem para a ausência de criação de novos postos de trabalho, de novas empresas. Os mais jovens não conseguem entrar naquilo que já existe (porque é dificílimo fazer um despedimento individual em Portugal; portanto, o jovem só entra a recibos verdes para fazer um trabalho que devia estar a ser feito por uma pessoa do "quadro"; e essa pessoa do quadro continua lá) e, acima de tudo, os jovens não vêem novas empresas a aparecer. Porque a lei laboral está pensada para defender a todo o custo aquilo que já existe. O futuro não interessa à nossa lei laboral. O futuro não interessa à CGTP. A CGTP, tal como o PCP e o BE, representa o passado.
.
Etiquetas: sindicatos, socialismos, sufoco socialista
21 Comments:
Tudo isto é tão mais verdade, Nelson, quanto já acontece desde há trinta anos. Que, em trinta anos, ninguém tenha compreendido e nada tenha mudado é que é o motivo de espanto.
Próntos, Nelso, a jente já num cazemos deribado a teres botado aqui esta cousa.
Taba eu munto cuntentinha a pençar que ias prutejer-me mas afinal sou prutejida pelo Istado e num gosto desse istado de cousas. Portántos inganáste-me e eu boto-me de fora do cazório amais a Nánda deribado a ser o Istado que a proteje támem.
A jente nem saviamos cu Istado nos prutejia tánto deribado a num se nutar nada.
Inté te deicho um bersinho:
Disem que teinho prutessão
mas há muntos queu cunhesso
que inté paressendo que não
Teiem-na... e a bom presso!
VOM POBO!
É verdade, Luísa. Vale até a pena ler este post da Helena Matos e confirmarmos que, realmente e co o a Luísa diz, NADA mudou. É lastimável!...
Li de Queiroz
Apanhaste-me cu a mão na maça, carago (uma maçada, como aquela de peixe que cumi ao almosso)e prontes, fiquei siente de que já num casamos. Fiquei a matutar no açunto e axei que se calhar foi deribado a eu num te ter prumetido a ir passear às retundas, foi um relapso (esta oubi onte e axo que quer dizer engano)mas olha que eu pudia cumpensar e em bez de só te pôr a roupa no corpo também pudia tirar-la de bez em quando, baisse a ber podia ser açim, sei lá... nos feriados e dias de guarda porque também tinha de ficar alguma coisa para a Nánda, carago. Fico descançado de te sentires protejida, mas olha que eu tencionaba casar contigo mas bem prutejido porque eu ando a oubir a Margarida... Margarida não sei quê, aquela gorduchinha que diz que amor só com protessão. Mas bai-se a ber e num me entendeste bem e foste pedir protessão ao Istado. Pois que o Istado te pruteja e te cuvra de bênssões que nem o Dibino.
Por aqui me fico, veijos vrilhantes e bou bestir uma camisa bromelha para ir ao fim da festa da grebe geral que diz que tem um consserto e tudo.
Recumendassões aí em casa
Nelso
Luísa
Há qualquer coisa de errado com o link que fiz ao Blasfémias. Experimente aqui:
http://blasfemias.net/2010/11/24/como-foi-aprovada-a-legislacao-do-trabalho-que-esteve-na-orogem-da-greve-de-1988/
Este post parece-me muito fora da realidade actual. Na geração dos meus pais, o emprego nas empresas privadas ou no Estado era para toda a vida. No século XXI, em Portugal, este paradigma mudou. Os trabalhadores das empresas privadas já não vêem com maus olhos a mudança de emprego e os funcionários do Estado vão também ter que ter essa postura. (esta mobilidade faz parte, há muito tempo, da cultura americana). Não me parece honesto a crítica aos funcionários públicos. Esse senhor está "catequizado" pelo Engº Sócrates para colcoar portugueses contra portugueses. O Prace da Função Pública falhou porque os excedentes preferiram reformar-se. Não houve despedimentos mas estavam previstos.
"Mobilidade
O que para muitos significa simplesmente mudar de local de trabalho, ou de funções. Outra parte vai para casa. Nesta hipótese os funcionários continuam a receber o salário todos os meses, mas perdem imediatamente o direito ao subsídio de alimentação. Se ao fim de 90 dias continuarem sem posto de trabalho o ordenado é reduzido em um sexto.
Se os funcionários recusarem uma nova colocação dentro da área de residência podem ser alvo de um processo disciplinar que acaba em despedimento."
Vítor Correia de Azevedo
Prezado Vítor
O Henrique Raposo é um historiador, com mestrado em Ciência Política e é investigador no Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova
e com extensa colaboração no Público, Diário de Notícias e Independente, para além de programas televisivos de debate político e é também cronista no Expresso. Não é consabidamente um conspirador dedicado a colocar os portugueses uns contra os outros.
Dito isto e lido o seu comentário, que agradeço, não vislumbro nada cujo contrário tenha sido afirmado na crónica do Expresso que transcrevi. Pelo contrário há uma convergência muito grande, o que não invalida o conceito que o HR desenvolve. Se este conceito coloca portugueses contra portugueses é um problema que tem a ver com os portugueses propriamente ditos e não com a matéria factual trazida a lume por pessoas que analisam este fenómeno da vaca sagradaem que verdadeiramente se tornou o funcionalismo público sem paixão nem parcialidade. Não vejo como seja difícil reconhecer o privilégio instituído aos servidores do Estado, estratégia, de resto, que muito tem contribuído à manutenção do poder socialista. É humano perceber a reacção de muitos funcionários públicos, sobretudo dos dedicados e competentes que os há, felizmente, mas não amenizam o elevadíssimo custo que todos estamos a pagar (funcionários e empregados do sector privado)pelo «bodo» que foi a distribuição de lugares de trabalho para a vida.
As recentes medidas, pretensamente moralizadores da situação, como a «mobilidade» não passam de paninhos quentes para escamotear uma situação desastrosa criada como mera ferramenta eleitoral.E o resultado agora é este. Retirar benesses anteriormente consignadas é doloroso para os beneficiados e ilustram bem a estirpe deste gentinha que nos governa. E a que nós, bovinamente, vamos continuando, paulatinamente, a outorgar o poder.
Um abraço
NR
Vítor Correia de Azevedo
Já agora, esqueci-me de lhe dizer que o Henrique Raposo tem também um blogue. o «Clube das Repúblicas Mortas»
Ser comentador político e escrever para os jornais não faz dele um homem isento
Agradeço a informação anexa, mas o Sr. Dr. Mestre Investigador não devia ajudar na manipulação que o Governo pretende fazer dos factos. O problema do Estado não são os funcionários públicos (que com as reformas antecipadas levou a que o Estado limitasse a saída de técnicos superiores, prova de que afinal não estão a mais). Se todos sabemos que os problemas são os gastos de 5 M€ em material de defesa desnecessário, o resgate de um Banco privado BPN ( com o dinheiro dos contribuintes), o pagamento de subsídio de desemprego a ex-funcionários de empresas privadas falidas,despesas exorbitantes pagas a empresas privadas ( por ex. 200 000€ por um almoço numa feira de Turismo na Alemanha), como o apoio descarado a empresas privadas "do regime" como Martifer, Mota,( e como houve na altura de Cavaco Silva, Champalimaud, grupo Mello, etc.). Porque razão HR pega no elo mais fraco e não aponta as armas contra o que realmente está mal no Estado português?
Vítor Correia de Azevedo
Que o Governo se dedique a uma tentativa de manipulação, ainda aceito. Há que salvar, ou tentar salvar, a face daqueles que com uma total ausência de escrúpulos foram repartindo o que não era deles, entenda-se a riqueza nacional, criando um dos mais pesados contingentes de funcionários, muitos deles incompetentes ou pura e simplesmente sem trabalho (conheço muitos técnicos qualificados arrastando-se pelas cadeiras sem literalmnete ter alguma coisa que fazer e tenho a certeza que o Vítor também conhece, o Ministério de Agricultura é um pequeno mas bem ilustrativo exemplo, isto para nos atermos à nossa actividade...). Quando a teta secou, a tralha socialista tenta agora salvar a face quando se vê obrigada a retirar o que paulatinamente foi dando. E se há coisa em que os socialistas são exímios é chutar para canto e achar que a culpa é sempre dos outros. Mas, dizia eu, a manipulação do governo ainda entendo, agora que o Vítor entre em especulação de teorias conspirativas e veja pessoas mancumonadas com o governo nessa manipulação é que não lembra ao careca!
Também não entendo os exemplos de má gstão que o Vítor aponta como causa maior do estado do nosso "estado". Toda a gente os conhece e concorda. Mas isso não alija toda a culpa, digamos, estrutural, que se pode e deve assacar a este governo na forma como caçou votos (emprego estatal, garantias e garantismos, direitos adquiridos, equipamentos sociais que se sabia não eram economicamente viáveis, SCUT's - que ironia ver agora Cravinho armado em cavaleiro andante contra a corrupção, tendo sido ele o principal mentor das Scut's) e um sem número de decisões e políticas condenáveis, tudo sempre em nome da captura de votos. E é dessa captura de votos que nós vivemos hoje num país «capturado» pela más práticas dos sucessivos governos socialistas, incompetentes e irresponsáveis.
Uma nota final ao seu registo de apoio a empresas privadas. Juro que não entendi. Mas afinal... quem é o campeão da promiscuidade entre o Estado e (algumas) empresas privadas? E já agora... o Vítor não quer ser mais específico no apoio que diz Cavaco Silva ter dado aos Mellos e ao Champalimaud? E depois... vamos fazer um joguinho?
Um abraço e nunca pensei que este tema lhe fosse tão caro. Mas ainda penso que o Vítor me interpretou mal.
NR
Este comentário foi removido pelo autor.
Já agora. Não entendi o seu registo irónico em relação ao currículo do Henrique Raposo... Alguma especificidade na ironia?
:)
Eu não conheço HR, pelo que me referi a HR pelos seus títulos, e sem malícia nenhuma. Acha que ele ficou ofendido? Se assim foi, não tive essa intenção.
A minha referência a Cavaco Silva é para lembrar que o Estado não tem feito bons negócios com os privados. É sabido que Cavaco Silva é adepto de grupos económicos fortes e incentivou a concentração durante as privatizações. Mas os privados não se portaram bem. É do conhecimento de todos o facto de Cavaco Silva não ter gostado de ter sido "enganado" por estes senhores (e com os contribuintes a perderem dinheiro). Champalimaud teve o Banco Totta a preço de saldo ( para ficar em Portugal) e depois vendeu aos espanhóis. O grupo Mello ficou com a ADP a preço simbólico ( e abaixo de outras propostas) e agora a ADP foi vendida aos espanhóis. Os privados não são santos. Não entreguem tudo à gestão privada. Será que não aprenderam nada com a crise do excesso de liberalização dos mercados. Olhe que a Islândia , que era um exemplo para os liberais, estava em 1º lugar com IDH ( índice de desenvolvimento humano nos anos de 2007 e 2008)e agora está na Bancarrota. Há que haver regulação contra a ganância do Homem na Liberalismo Total. O país que actualmente está em 1º lugar no ranking de IDH é a Noruega, apresentado na Google como" A economia norueguesa é um exemplo de uma economia mista, um estado de bem-estar social capitalista próspero, com uma combinação de atividades de mercado livre e de grandes propriedades estatais em determinados setores-chave. Através dessas grandes empresas, o governo controla aproximadamente 30% dos valores das ações na Bolsa de Valores de Oslo. "
Por este motivo, defendo a Função Pública e acho criminoso o ambiente que se criou, em que se diz que a Função Pública é o mal deste país.
E eu que sou funcionária pública, não poderia concordar mais contigo!
E sabe bem voltar a ler-te no mesmo fuso horário :)
Vítor Correia de Azevedo
Lá está, quando digo que me parece ter-me interpretado mal. Ninguém diz que a função pública é o mal deste país. Isso seria injusto para muitos serviços e servidores públicos. O que se diz é sobre a forma como os Partidos (mormente o Partido Socialista) manipulou as políticas de apoio à função pública, afim de retirar os dividendos em votos. Para isso criou um sistema de benefícios e garantias que hoje o tal chamado Estado Social não pode comportar. Não tem dinheiro para isso, para falar em linguagem chã. Por isso eles são culpados de terem criado uma função pública gigante e com direitos e regalias desmesurados em comparação ao sector privado.
Já agora, os exemplos que aponta de apoio a grupos empresariais... havia tanto, mas tanto para dizer... fico-me só por uma peça de contraditório. Champalimaud vendeu o banco aos espanhóeis (fez muito bem, cá para mim, era dele e ninguém tinha nada com isso, mas isso é uma opinião minha) mas entretanto deixou uma fortuna de €500.000.000, como sabe, para uma fundação modelo,que mereceu já merecidas críticas de admiração internacional. O Estado, entretanto, entretém-se com fundações cujo número até já desconhece, de méritos duvidosos e que, ao contrário da Fundação Champalimaud, são suportadas pelo cidadão contribuinte. Fundações ou para fugirem à rigidez da legislação na utilização de dinheiro ou por mera patetice ideológica como recentemente aconteceu com a Casa dos Bicos. Enfim... sobre isto então dava para ficar aqui o resto da noite a escrever, mas você já deve estar farto de me ler :))
Um abraço
NR
Criança em crescimento
Que bom concordares :))) e que bom ler-te a horas decentes :)))) eu já tinha reparado que cá estavas, outro dia até fiquei com a impressão que estavas de esperanças (não é assim que se diz em Alguidares?) :)))) mas depois li melhor os comentários e vi que não eras tu ...
Welcome back e tu és a melhor prova que nada me move pessoalmente contra os funcionários públicos ;)
Espumadamente
Penso que quando diz que foi bom para Portugal a venda do banco Totta ao Santander, não deve referir qualquer ordem de valores. Só penso deve referir este facto em termos do liberdade individual, de cada um fazer o que quer do que tem. Mas está TOTALMENTE ENGANADO quando refere o valor de 500 M€ como sendo um valor importante para o país (e optimizado quando transformado numa Fundação modelo). MAS NÃO PODEMOS SER INGÉNUOS. Se o Banco Totta tivesse continuado a ser português teria deixado em Portugal o valor de 523,3 M€ POR ANO ( este foi o lucro do banco em 2009). "Ora bolas para os nossos negócios, que os portugueses ficam sempre a perder".
Vítor Correia de Azevedo
1 - A liberdade de se fazer o que quisermos com o que é nosso é para mim um valor que nem academicamente discuto.
2 - Se €500.000 não é muito em relação ao que o banco poderia ter rendido se fosse vendido cá, direi que nem é muito nem é pouco, insisto que não admito observações tutelares em relação àquilo que é meu. Sobretudo se vem de um governo corrupto, incapaz, inculto, incompetente e com a síndrome do «estado social» nas tripas, como é o caso de hoje, por exemplo.
Termino só dizendo que €500.000 pode não ser muito, na sua óptica, mas traduz um desejo de legado por parte de Champalimaud, que eu só posso elogiar. Em todo o caso é sempre muito mais que as fundações espaldadas no Estado, à nossa custa, por razões de conveniência ideológica ou pura cretinice de uns quantos iluminados que têm as rédeas do poder..
Enviar um comentário
<< Home