quarta-feira, agosto 11, 2010

Shhhhhhhhhuiiiit....PUM


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Deus omnipotente e misericordioso ensinou o português a escolher melões. Ensinou-o a rir sempre que um directo de uma televisão lhe pergunta quantas pessoas morreram no acidente e ensinou-o a ter opinião sobre o "off-side" não assinalado ao Foculporto, sobre as razões por que o lançamento do último foguetão espacial teve de ser adiado ou sobre o último orçamento geral do estado. Deus disse aos portugueses que o bigode lhes ficava bem e concedeu-lhe a graça do sorriso único sempre que “viram” uma caneca de verde minhoto, carrascão do Cartaxo ou uma bagaceira vadia. Leia-se, um sorriso de prazer e sapiência. Mas Deus esqueceu-se de explicar aos portugueses porque é que eles têm de lançar foguetes nas romarias, nas feiras, nos baptizados, quando a Maria “alcança” ou quando o Benfica ganha. Deus ensinou os portugueses a lançar foguetes e vai daí, os portugueses, crentes, lançam os foguetes nas festas e prontos. E fora das festas. Muitos deles apanham mesmo as canas. Outros não apanham, deixam-nos nos matos que não roçaram, porque dava muito trabalho ou porque acham que o Estado é que tem de roçar. E de foguete em foguete lá vamos tendo, ao que parece, 400 fogos por dia. Claro que é exagero dizer que são todos por causa dos foguetes. Muitos deles são feitos com isqueiro mesmo. É o chamado «fogo-posto». Ou «de mão criminosa». Mas ignições (sigamos, de novo, a ladainha) são 400/dia.

Um dia destes chove. Os fogos acabam, as romarias também, os emigrantes regressam a França enquanto não vem a “retrête” e os jornais têm que se agarrar a outra coisa qualquer. É o ciclo da vida. Da nossa vida. Todos os anos é a mesma sina e desta vez nem nos podemos queixar muito porque até a Rússia, país dos frios, também tem incêndios. E só em Moscovo, dizem os repórteres, morrem 700 pessoas por dia. Quer dizer… dizem os repórteres porque depois a reportagem mostra que não é bem assim. Parece que morrem 400 pessoas por dia em Moscovo por causas diversas mas este ano morrem 700. O que indica que 300 são por causa do calor. Mas o repórter acha que morrem 700 por causa do calor. E todos nós sabemos que quando os portugueses começam a achar, o melhor é deixá-los e não lhes dizer nada...

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