segunda-feira, julho 06, 2009

Menino aqui, 2.000.000 acolá


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Colho a sensação de que esta gripe suína, mexicana ou H1 não das quantas está a ser gerida assim a modos de quem vai ao supermercado e arruma o carro às três pancadas, por cima dos riscos brancos. É que a ministra faz declarações mansas e protectoras, segundo as quais de vez em quando baixa um «menino» (como eu gosto desta linguagem moderna) ao D. Estefânia, os casos em Portugal «vão» em 42 e dá conferências de imprensa garantindo que não há motivos para alarme, mas apenas para «alerta». Por outro lado o Dr. Francisco George vai dizendo nas notícias matinais de hoje que é de esperar que num futuro relativamente próximo 20% da população portuguesa (2.000.000, cá pelas minhas contas que eu nisto sou bem mandado e sigo o legado do dialogante Guterres) seja infectado. O Dr. George frisou bem o infectado, deduzi depois que isso significa que não teremos necessariamente 2.000.000 de «meninos» com baixa no D. Estefânia, ou seja a situação é grave mas nem por isso, há que tomar cuidados, sendo que um deles é lavar as mãos.

O que me pasma no meio de tudo isto é a habitual trapalhice e o ar estouvado com que tratamos dos nossos problemas. Havia que esclarecer os portugueses se a situação é potencialmente perigosa ou não passa de uma vulgar sessão de espirros e expectoração que devamos aguardar lá mais para o Outono, quando as rádios começam a anunciar os acentuados arrefecimentos nocturnos. A verdade é que vistas as coisas assim, o que percebo é que Ana Jorge (que apareceu mais na televisão nos últimos quinze dias do que em todo o mandato) aparece a falar de cada vez que baixa um «menino» e nos vai instilando a ideia de que coisa é simples e sem grandes perigos, «naquilo que são» os efeitos da gripe e no espaço de escassos minutos aparece o Dr. George a dizer que muito possivelmente teremos 2.000.000 de portugueses infectados a breve trecho e que não será muito grave mas, assim como assim, o melhor é irmos lavando as mãos.

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