sábado, julho 04, 2009

Angola aos pedaços


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Angola é um país de «uniques». Que eu saiba ou me lembre, Angola é o único país do Mundo onde se encontra a welwitschia, a cabra de leque (apesar deste antílope se estender também a parte do deserto da Namíbia) a palanca negra gigante, a pacaça e o tarpon. São exclusivos a mais para que não nos fascinemos com a magia desta terra abençoada por Deus, como dizem os brasileiros, nas suas peculiaridades.

Há dias passei a Barra do Cuanza, a caminho do Sul. O Cuanza (ou Qwanza) é o maior rio angolano (o Zambeze também nasce em Angola e é maior mas desagua em Moçambique, como se sabe) e lembrei-me do facto de a sua foz ser porventura o único lugar em África onde se pode pescar o tarpon (Megalops atlanticus), conhecido em português por peixe-prata. E mesmo no mundo, o peixe-prata parece existir só no Atlântico e em zonas muito específicas, sendo a Florida o santuário deste peixe em Boca Grande Pass.

O tarpon é um peixe enorme que pode atingir com facilidade mais de 2 metros e 150 kg de peso, com a particularidade de proporcionar lutas espectaculares, para quem se interesse ou goste de game-fishing. Em Angola só existe na barra do Cuanza, onde penetra nas águas turvas do rio para se alimentar de crustáceos e pequenos peixes arrastados para o mar pela maré vazante.

Parei de propósito na ponte, depois da portagem (agora há portagem…) saí do carro e quedei-me perante o cenário magnífico da foz do rio, largo e prateado como o tarpon, pensando no que ele ofereceu de sheer pleasure a muitos daqueles que, como eu, encontraram na pesca desportiva um dos mais emocionantes e gratificantes desportos náuticos, apesar de eu só ter despontado para este «pecado» em Moçambique. Perguntei a alguns transeuntes se conheciam o peixe-prata. Perguntei a um, a dois, a vários. Tudo gente jovem, mas ninguém parecia saber sequer de que é que eu estava a falar. Perguntei a um seculo (*) que parecia familiarizado com o termo mas estava velho demais para outros esforços que não fossem levar a bicicleta á trela até ao fim da ponte.

Segui viagem vagamente deprimido. Afinal parece que ninguém sabe que existe o peixe-prata na foz do Cuanza. Mais. Triste. Parece que ninguém sabe que existia.

Nota:
A carne do tarpon não tem qualquer préstimo gastronómico, para além de ter muitas espinhas. Assim, a maior parte dos pescadores devolve os peixes ao mar, depois da pescaria.

(*) Seculo = homem muito velho (Angola). «Cokwana» tem o mesmo sentido, em Moçambique


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3 Comments:

At 11:50 da tarde, Blogger Dulce Braga disse...

O primeiro "pedaço de Angola" foi delicioso. Estou com água na boca à espera dos outros. Ao escrever "Sabor de Maboque" tb me lembrei das pescarias no Kwanza (com jangada e sem portagem), das cabras de leque e das palancas pretas.
Um bj especial de PARABÉEEENNNNSS!!
Dulce

 
At 8:00 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Dulce Braga

Obrigado Dulce. Beijinho reconhecido

 
At 9:39 da tarde, Blogger Unknown disse...

Peixe prata já vi serem apanhados muitos no rio kwanza...felizmente agora a maioria são apenas marcados ..e largados ou pelo memos suponho que assim seja pois senão dizimam a espécie que é maravilhosa..mas ainda vão existindo. Alguns pescadores já começam a ter está prática para proteger a éspecie.. maravilha qie este rio tem.. Se aproximar-se mais junto ao rio na foz ou visitar o restaurante dos sul afriacanos vai ver que sabem o que é o tarpon

 

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