Pastelinhos de bacalhau e desenrascanço
[879]
O drama de alguns milhares de emigrantes portugueses clandestinos no Canadá tem-me causado muita impressão. Tanto quanto o drama pessoal de cada um dos atingidos pelas recentes disposições do governo canadiano, choca-me e ofende-me saber que muito do que se passa radica no amadorismo, incompetência e indiferença de muitas das nossas representações diplomáticas e consulares por esse mundo fora.
Uma das missões, por exemplo, que deveriam ser prioritárias seria a de explicar aos nossos emigrantes da absoluta necessidade de nos encontramos legais nos países de acolhimento, colaborando activamente no esclarecimento dos nossos compatriotas, ajudando-os a que não se vejam, aqui e ali, confrontados com o que está acontecer agora no Canadá. Colaborar activamente na legalização das pessoas, ajudando aqueles que mais dificuldades têm em perceber os meandros da burocracia, instilando nas pessoas, enfim, um sentido de rigor, de sentido de legalidade que as ponha a coberto de situações como a que agora se verifica. A isso se chama representação consular dos interessados, dos cidadãos na diáspora, em vez de se pensar que celebrar o 10 de Junho com pastelinhos de bacalhau e presunto de Chaves é a forma mais adequada de o fazer. Sei bem do que falo, porque comi muitos pastelinhos de bacalhau e assisti, ao mesmo tempo, ao atropelo dos mais variados interesses de cidadãos nacionais, sempre que era preciso uma voz mais firme de um embaixador ou um documento mais ríspido de um cônsul.
Outra coisa que choca é, a posteriore, este coro de choradinho em que as próprias autoridades alinham com os lesados. Não só não resolve nada como cimenta esta ideia que temos de que as situações, por mais complicadas que sejam, são para se irem resolvendo e, com jeitinho, a “gente desenrascamo-nos”. Embaixadas e consulados incluídos.
Aqui está uma situação em que Freitas do Amaral, um cidadão circunstancial, no dizer de Maria José Nogueira Pinto, poderia e deveria falar com a mesma firmeza com que verberou a bondade ou compreensão de ataques terroristas.
Simplesmente deplorável o que se está a passar no Canadá onde, só do que se sabe e só em Toronto, há mais de 10.000 cidadãos portugueses ilegais.
O drama de alguns milhares de emigrantes portugueses clandestinos no Canadá tem-me causado muita impressão. Tanto quanto o drama pessoal de cada um dos atingidos pelas recentes disposições do governo canadiano, choca-me e ofende-me saber que muito do que se passa radica no amadorismo, incompetência e indiferença de muitas das nossas representações diplomáticas e consulares por esse mundo fora.
Uma das missões, por exemplo, que deveriam ser prioritárias seria a de explicar aos nossos emigrantes da absoluta necessidade de nos encontramos legais nos países de acolhimento, colaborando activamente no esclarecimento dos nossos compatriotas, ajudando-os a que não se vejam, aqui e ali, confrontados com o que está acontecer agora no Canadá. Colaborar activamente na legalização das pessoas, ajudando aqueles que mais dificuldades têm em perceber os meandros da burocracia, instilando nas pessoas, enfim, um sentido de rigor, de sentido de legalidade que as ponha a coberto de situações como a que agora se verifica. A isso se chama representação consular dos interessados, dos cidadãos na diáspora, em vez de se pensar que celebrar o 10 de Junho com pastelinhos de bacalhau e presunto de Chaves é a forma mais adequada de o fazer. Sei bem do que falo, porque comi muitos pastelinhos de bacalhau e assisti, ao mesmo tempo, ao atropelo dos mais variados interesses de cidadãos nacionais, sempre que era preciso uma voz mais firme de um embaixador ou um documento mais ríspido de um cônsul.
Outra coisa que choca é, a posteriore, este coro de choradinho em que as próprias autoridades alinham com os lesados. Não só não resolve nada como cimenta esta ideia que temos de que as situações, por mais complicadas que sejam, são para se irem resolvendo e, com jeitinho, a “gente desenrascamo-nos”. Embaixadas e consulados incluídos.
Aqui está uma situação em que Freitas do Amaral, um cidadão circunstancial, no dizer de Maria José Nogueira Pinto, poderia e deveria falar com a mesma firmeza com que verberou a bondade ou compreensão de ataques terroristas.
Simplesmente deplorável o que se está a passar no Canadá onde, só do que se sabe e só em Toronto, há mais de 10.000 cidadãos portugueses ilegais.
2 Comments:
"Colaborar activamente na legalização das pessoas, ajudando aqueles que mais dificuldades têm em perceber os meandros da burocracia, instilando nas pessoas, enfim, um sentido de rigor, de sentido de legalidade que as ponha a coberto de situações como a que agora se verifica."
Eu cá desconfio que 80% dos emigrantes ilegais não se apresentam sequer nos consulados ou nas embaixadas ...
Sinapse
Eu não tenho dúvidas no que dizes. Mas a colaboração não deveria ser apenas ao nível dos balcões dos consulados. Poderia e deveria ser feita a montante, já que o Ministério dos NE tem obrigação de conhecer a nossa cepa e o que a casa gasta. Não seria muito complicado incutir nas pessoas que o degrau fundamental num processo de emigração é exactamente a legalização. O que acontece é que não raranmente se colabora no desenrascanço. Mas tens razão. A matéria prima não ajuda muito...
Enviar um comentário
<< Home