O sol a morrer de frio
Hoje começa o Verão. Logo à noite, às 23h34. Os portugueses têm uma costela infantil que vibra com tudo o que é quente: é a bica bem escaldada,
a sopa fumegante quase em ebulição, o ar abafado de Agosto do restaurante onde
uma mulher friorenta “interdita” o funcionamento de qualquer aparelho de ar condicionado,
é a camisolinha ao fim do dia (mesmo em Agosto) por causa da “friagem”, a
janela fechada para evitar a “correspondência”, a água natural porque o gelo
faz muito mal à garganta e às gengivas… é, enfim, esta pedo-excitação (passe o
palavrão) pela chegada do Verão. Que chega hoje às 23h34, dizem as TV’s, os
jornais, as rádios e toda a gente que me rodeia e por quem passo. E dizem-no
com deleite e olhos de reconhecimento aos céus.
Um dia, espero, perceberei a razão desta histeria estival.
Ou não. Até lá, resta-me manter o a/c em modo de permanência e ser romano em
Roma, ou seja, dizer só para dentro (e baixinho para ninguém ouvir) que está um
calor do caraças e sorrir para aquela senhora lá ao fundo do restaurante que
acabou de pedir ao empregado, com um arreganho de censura pelo atrevimento em
se ligar uma coisa daquelas, para desligar o a/c por causa das crianças.
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Etiquetas: frios
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