sexta-feira, junho 10, 2016

10 de Junho no Terreiro de Paço hoje



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Com um olho acordado e outro a dormir, fui vendo as comemorações do 10 de Junho no Terreiro do Paço. Na RTP1, não sei como terá sido nas outras televisões, respiguei alguns pontos:

1 – Achei positiva a atitude de Marcelo em repor a dignidade das Forças Armadas, uma instituição que durante muitos anos foi uma coisa assim a resvalar para o proscrito. Dos antigos combatentes nem se fala, uns malandros que andaram por África a matar pretos;

2 - A cerimónia foi breve mas revestida do desejável simbolismo, aparentemente sem complexos de culpa por sermos portugueses. O discurso de Marcelo foi adequado, no conteúdo e na forma e o critério de atribuição das condecorações, de aplaudir;

3 – Uma nota negativa vai para uma jovem repórter que perguntou a um coronel (e insistia, esganiçada, já que o oficial, polidamente não se prestou a resposta directa) se «...o senhor coronel, depois dos grandes sacrifícios a que a instituição militar foi submetida no anterior governo, tinha esperança numa situação melhor com o actual governo...». Não estou a enfeitar, ela disse mesmo no tempo do anterior governo e agora com o actual governo. Isto demonstra bem como a nossa comunicação social continua intoxicada por hábil propaganda, ou acometida de idiotia incurável, ou vive um estádio imberbe de conhecimento das realidades.

4 – Finalmente, aquando da descrição de várias intervenções actuais das FA em diferentes partes do globo, como o Kosovo, o Mediterrâneo ou a República Centro Africana, fico a torcer para que o poetastro Alegre concorde com as diferentes intervenções militares em curso. Não vá dar-se o caso de ele simpatizar com a justeza e elevação de alguma das causas que combatemos e desate para aí a fazer poemas ou arranje um programa de rádio (ocorre-me a Venezuela, a Bolívia ou Pyong Yang, já que Brazaville e Argel foram engolidas pelo capitalismo) que o ature e onde ele se realize a dizer uns disparates.


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