domingo, agosto 10, 2014

Espero que existam mais razões…


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Provavelmente existirão mil razões para os pilotos da TAP fazerem greve. Mas há uma que me faz muita impressão. O piloto porta-voz, um tal Pietra, afirmou repetidamente que uma das razões era a gestão ruinosa da companhia. Por outras palavras, temos que um piloto, que deve perceber imenso de flaps e outras particularidades de um comando de um avião, que acha que a gestão da empresa está a ser ruinosa e, por tal, nada como uma greve para pôr a coisa nos eixos.

Eu imagino um episódio através do qual Fernando Pinto ou um dos vários gestores da TAP viesse para o cockpit interferir com a velocidade de aproximação à pista, oportunidade de baixar o trem de aterragem, regulação da pressão da cabine e dissesse: Meus amigos: Esta aterragem está a ser ruinosa e vamos fazer uma greve até que vocês aprendam verdadeiramente a lidar com estes «zingarelhos».

O exemplo é extremo, eu sei, mas faz-me muita impressão ver pilotos a meter o bedelho nas estratégias de gestão de uma empresa como a TAP, para além de que não creio que isso tenha a ver seja o que for com a génese de uma greve.

Reflectia eu sobre isto, aparece o Tó Zé dizendo que o segredo estaria na privatização da companhia, mas só de 49%, entre os países lusófonos. Para fazer da TAP uma espaço de lusofonia. Os outros 51% deveriam permanecer, como é óbvio, nas mãos do Estado, que é assim que diz a cartilha socialista.

Num quadro destes não consigo perceber bem as razões da greve. Muito menos das intenções lusófonas do socialista Tó Zé. A única coisa que sei é que tenho um incontável número de viagens na TAP, médio e longo, e sempre gostei, tirando uma ou outra tripulação mais arrevesada. Mas com os incidentes recentes, o piloto Pietra a querer gerir a empresa e o TóZé a querer um espaço lusófono (mas só em 49%), não sei, não. Começo a gerar um sentimento genuíno de desconfiança e de que o nosso nível de desenvolvimento e razoabilidade anda da frente para trás, numa altura em que o resto do mundo anda de trás para a frente.

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