Pertinho do mar
Almoço sozinho (por opção), virado para o mar. A brisa morna
soprava do Atlântico como que trazendo uma carícia à mesma temperatura. Mas a
disposição não era recomendável. Mal dormido e com uma incómoda dor lombar, nem
sequer amortecida na habitual caminhada da manhã, fui comer quase que por
obrigação.
Sentado pertinho do mar, degustei uma saladinha de grão com
cebolinha e fiapos de bacalhau, após o que me serviram uma fabulosa posta de
garoupa. O empregado sorriu e disse-me que eu podia até nem acreditar, mas que
aquele peixe lhes fora trazido de manhã bem cedo. A posta era grande e cortada
à altura ideal para proporcionar uma boa assadura e vinha ornamentada com
vulgares vegetais. Bróculos, grelos, cenourinhas e quatro quartos de uma batata
assada em brasas. Tudo seco, a pedido prévio, sem sabores adulterados por
molhos de manteiga ou outros, encarreguei-me eu de temperar o manjar com azeite
de boa qualidade e vinagre. Nada mais.
A primeira página do jornal falava da grande preocupação que
ia pelo Egipto, pois esperava-se grande arruaça ao fim da tarde. Comi o peixe,
olhei o mar e senti o conforto de viver numa zona calma, saboreando o que há de
melhor em matéria de peixe e espraiando o olhar pelo mar fora. O olhar e o
pensamento, não há como olhar o mar sem pensar em alguma coisa, quanto mais não
seja pensar como é bom não ter necessariamente que pensar em coisa nenhuma e
entregar-se a estes momentos de torpor e bem-aventurança.
Reconfortado, levantei-me e caminhei algumas centenas de
metros até casa. Senti-me bem. A brisa do mar deve-me ter trazido um carinho,
disfarçado no momentâneo odor a maresia que, por um curto momento, inalei com
deleite e serenidade.
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Etiquetas: coisas boas
2 Comments:
O ar livre é muitas vezes o suficiente para trazer a calma e a boa disposição.
xx
O mar é o amigo de todos
cumprimentos
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