quarta-feira, março 21, 2012

Ai que vou para «pousio» outra vez...

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E começo mal. Dá-me vontade logo de ir para pousio outra vez. Eu já tinha tido um lamiré a ouvir, com a insistência daquele ribombar ecoado das trovoadas distantes, o anúncio de mais uma saga de Mário Soares. Soares isto, Soares aquilo, Soares aqueloutro. Tudo muito revolucionário, muito a preto e branco, muito Maria Barroso jovem e bonita, muito abrilino, muito Pide, muito… idiota. São doses maciças de Soares, uma personagem que me faz estremecer inquieto, por não perceber de onde vem esta veneração por uma figura política de perfil duvidoso e uma figura humana que, com frequência, se revelou um tiranete sombreado pelas delícias da liberdade e da democracia (coisas das quais ele me parece ter uma visão mais ou menos distorcida) e um incorrigível vaidoso.

Agora passo os olhos pela página da RTP e esbarro com um inquérito onde se pergunta aos portugueses (sic) « Acha que, se a situação se degradar, as Forças Armadas deveriam levar a cabo uma operação militar para derrubar o Governo, como sugere Otelo Saraiva de Carvalho? » Esfrego os olhos, incrédulo e concluo que é absolutamente imoral que uma porção do meu salário sirva para dar de comer a um grupelho idiota que se entretém a arejar as suas idiossincrasias à minha custa e de todos os portugueses que lhe vão pagando o bife e a reforma. Esta gente, seja lá quem for que é responsável por esta cretinice estampada na página da RTP, envergonharia até a América Latina de hoje. Porque vivem ainda na América Latina do General Tapioca e hoje é diferente e eles não devem ter dado por isso. Deviam ir abrir RTP’s para a Venezuela ou para a Bolívia, E não chatearem nem envergonharem quem está.

Curiosamente, pode ler-se ainda uma notícia sobre os estaleiros de Viana de Castelo. Se estivermos distraídos a ler a notícia ainda ficamos com a impressão que o Governo se prepara para destruir o que resta dos estaleiros, privatizando-os. Era preciso lembrar estas luminárias da RTP que a destruição aconteceu exactamente pela oposta, quando os estaleiros foram nacionalizados. E deveria haver alguém, também, que explicasse isto aos trabalhadores e aos sindicatos que estão com um medo terrível da privatização.

Ai que vou para pousio outra vez…
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