domingo, março 11, 2012

A magia do Índico



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Às vezes a luz e a imagem calam os poetas, ou os simples palradores ou modestos escribas como eu, que acham que conseguem descrever as coisas com propriedade.

Este é o cenário que me siderou, acabadinho de chegar a Maputo para um contrato de 2 anos, que se estendeu por quase dezanove. Esta foto, do Joni Schwalbach que, com simpatia, me autorizou a usar aqui, só pode ser tirada do chamado «prédio da TVE», porque reconheci cada centímetro do cenário (menos a grua em frente ao Polana), cada luzinha e, já agora, o esplendor do Índico, oceano de tanta calma e rebeldia, que tanto nos proporciona cenários desta magnitude e nos convida a mergulhar para lhe visitarmos as entranhas magníficas, quiçá únicas nos seus corais e na sua fabulosa fauna, como nos fustiga com ventos de 30 e 40 nós revolvendo vagas alterosas e branquíssimas de espuma. E a lua, pois! Eu sei que Lua, só há uma. A nossa e mais nenhuma. Mas tem de haver uma qualquer razão muito poderosa, um inominável feixe de energia, uma combinação divina ou um simples capricho dos deuses para no-la expor com esta magnificência e magia, espelhada no mar, privilegiando Maputo, provavelmente a mais bela cidade que conheci em África.

Antes de me mudar para a Kim Il Sung (obrigado Ana David, pela gentileza), vivi neste prédio, no 13 º andar. A sala não tinha janelas e não vale a pena explicar porquê, se as paredes viradas ao mar eram extensas vidraças por onde de manhã nos entrava o sol (sim, aqui o sol nasce no mar…) e à noite nos convidava a sentar na varanda sorvendo este cenário magnífico.

Se dúvidas houvesse sobre a existência de paixões à primeira vista, bastaria morar uns meses num apartamento como este para que jamais duvidássemos dessa ideia. E por muitos anos que se viva em Maputo, jamais este cenário se dilui na memória, pelo contrário, entranha-se em nós e condena-nos a revivê-lo e acompanha-nos bem perto do coração, por muitos anos que vivamos, por muitos locais diferentes por que passemos.
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