Proibido proibir que se proíba. Ou os paladinos das boas práticas
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Poucas vezes terei ouvido tanto dislate, em quantidade e qualidade como no fórum da TSF de hoje, a propósito da nova legislação sobre a proibição de fumar em lugares públicos. Primeiro foi Francisco George perorando imenso sobre os malefícios que o fumador inflige ao não fumador. Seguiu-se um cortejo de «opiniões» nas quais os portugueses demonstram bem com estão formatados para a mentalidade de fiscal de licença de isqueiros. O português é doutorado em boas práticas (o termo boas práticas, juntamente com o «é assim», «desde logo», «proactivo», «alavancar» e «paradigma», deve ser o mais irritante dos termos adoptados pelo politicamente correcto em uso na paróquia) e a excelência do seu habitat mental consubstancia-se na prerrogativa de poder proibir o que lhe der na gana, sob a premissa de que o pensamento e a sua acção são os pressupostos para uma sociedade asséptica e consentânea com as práticas que ele decidiu considerar de boas.
Ouvi de tudo. Desde proibir que se fume em casa, até proibir que se fume no nosso próprio carro, passando pela imposição imediata de um adicional de 15% na taxa de IRS ao fumador, para que o estado disponha de fundos para o tratar do cancro de pulmão que aí vem, ouvi de tudo. Proibir até que se fume num raio de cinquenta metros da entrada de qualquer restaurante. E quando o jornalista disse que nos USA já é proibido fumar nas praias e nos jardins públicos, a grei exultou, esqueceu-se das maldades dos ianques no Iraque, no Afeganistão e em Guantanamo e achou, por uma vez, que os americanos, afinal, são uns tipos do baril.
Desoladora esta sensação de idiotia patológica que parece assolar esta nação boa praticante, de pensamento correcto e carácter impoluto. Não ouvi nada de semelhante quando se falava da necessidade imediata de se proceder à distribuição gratuita de drogas e seringas nas prisões. Ninguém se lembrou do drogado passivo. Tantas, mas tantas vezes, sujeito a malefícios bem mais gravosos que umas baforadas de nicotina. Mas isso era outra prática. Difícil e penosa, mas boa. Uma prática boa.
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Poucas vezes terei ouvido tanto dislate, em quantidade e qualidade como no fórum da TSF de hoje, a propósito da nova legislação sobre a proibição de fumar em lugares públicos. Primeiro foi Francisco George perorando imenso sobre os malefícios que o fumador inflige ao não fumador. Seguiu-se um cortejo de «opiniões» nas quais os portugueses demonstram bem com estão formatados para a mentalidade de fiscal de licença de isqueiros. O português é doutorado em boas práticas (o termo boas práticas, juntamente com o «é assim», «desde logo», «proactivo», «alavancar» e «paradigma», deve ser o mais irritante dos termos adoptados pelo politicamente correcto em uso na paróquia) e a excelência do seu habitat mental consubstancia-se na prerrogativa de poder proibir o que lhe der na gana, sob a premissa de que o pensamento e a sua acção são os pressupostos para uma sociedade asséptica e consentânea com as práticas que ele decidiu considerar de boas.
Ouvi de tudo. Desde proibir que se fume em casa, até proibir que se fume no nosso próprio carro, passando pela imposição imediata de um adicional de 15% na taxa de IRS ao fumador, para que o estado disponha de fundos para o tratar do cancro de pulmão que aí vem, ouvi de tudo. Proibir até que se fume num raio de cinquenta metros da entrada de qualquer restaurante. E quando o jornalista disse que nos USA já é proibido fumar nas praias e nos jardins públicos, a grei exultou, esqueceu-se das maldades dos ianques no Iraque, no Afeganistão e em Guantanamo e achou, por uma vez, que os americanos, afinal, são uns tipos do baril.
Desoladora esta sensação de idiotia patológica que parece assolar esta nação boa praticante, de pensamento correcto e carácter impoluto. Não ouvi nada de semelhante quando se falava da necessidade imediata de se proceder à distribuição gratuita de drogas e seringas nas prisões. Ninguém se lembrou do drogado passivo. Tantas, mas tantas vezes, sujeito a malefícios bem mais gravosos que umas baforadas de nicotina. Mas isso era outra prática. Difícil e penosa, mas boa. Uma prática boa.
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Etiquetas: Lei do tabaco
4 Comments:
O fumo incomoda-me muito por isso procuro estar em sitios para não fumadores.
Quando estou em locais onde se pode fumar aguento de cara alegre ou vou-me embora porque não quero aguentar.
Não proibo ninguém de fumar mas também não quero que me obriguem a fumar!
Neste mundo há lugar para todos...
xx
Mas o Nelson ainda não percebeu que aqueles foruns na tsf são uma anedota?
Qualquer que seja o assunto há sempre uma quantidade apreciável de imbecis a "botar" (de bota)faladura telefónica!
papoila
O sentido do post não era bem esse :))) de resto eu próprio também não fumo um cigarro que seja há seis anos!!!
kafka
Há muito que percebi, sim, Todavia, acho que é importante de vez em quando ouvir o programa... é óptimo para nos servir de barómetro da sociedade portuguesa
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