terça-feira, janeiro 03, 2012

Um ótimo exemplo de espetadores passivos de uma ação criminosa contra o património

[4509]

Pouco a pouco, pé ante pé, «tufinha», de mansinho, assim como quem não quer a coisa, de pantufas, o acordo ortográfico vai-se instalando. Acho que se instalou de vez, mesmo.

E instalou-se de pantufas, à sorrelfa, exactamente porque ele é um exemplo acabado do português formatado na petulância dos medíocres, na má consciência dos que conhecem a dimensão deste crime mas que não resistem ao sortilégio de se verem associados a um acto exemplar daquilo que os portugueses sabem fazer melhor. Gerar ditaduras, após o que os ditadorzecos se entretêm a pastorear a abulia, a passividade do cidadão amorfo e desinteressado que cultiva o tanto se me faz com a mesma displicência com que uma alforreca se deixa arrastar pelas marés.

Os pais do «acordo» sabem que poucas vezes um acto político como este terá provocado um tão alargado consenso de desaprovação. Mas, conhecedores da têmpera gelatinosa da fraca gente, optaram por esta introdução, de mansinho, exactamente porque a passividade reinante ajudará a que daqui a poucas semanas todos nós sejamos espetadores desossados deste espetáculo sem nome e que é, citando Miguel Sousa Tavares, um autêntico crime contra o património.
.

Etiquetas:

7 Comments:

At 1:21 da manhã, Blogger Sinapse disse...

Ainda bem que o Espumadamente não se rende ao AO.

O Postais de BXL também não!

Tenho dito.

Beijinhos, em desacordo com o tal do acordo,
Sinapse

 
At 8:56 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Sinapse

Já percebi que regressas a Bruxelas... não sei se é bom se é mau para ti. Mas sei que tens a capacidade de fazer com que seja bom :))))) por muito que chova e que os dias se tornem mais escuros. Um beijinho e tudo de bom no regresso à velha Europa...

 
At 9:19 da manhã, Blogger Pedro Barbosa Pinto disse...

"Minha patria é a lingua portuguesa.Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente."

Sou um Iberista convicto, mas, como Pessoa,tenho um alto sentido patriótico. Como estudante vivi em Lisboa por uns anos, mas ao contrário dos MST desta vida que falam, falam, falam, mas..., continuei a tomar simbalinos e não bicas, a beber finos e não imperiais, a tirar sameiras às garrafas e não caricas, a ver a porcaria desaparecer em bueiros e não nas sargetas. Nunca abdiquei sequer do meu sotaque do Porto!

Ab

 
At 12:06 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Pedro Barbosa Pinto

Meu caro Pedro, pois eu tomo imperiais, bicas, saco as caricas às garrafas e continuo com uma vontade incrível de mandar uns quantos que eu cá sei para a sarjeta (já agora, estou sem tempo, mas ia jurar que a sarjeta se soletra com "j" e não "g"). Mas estou perfeitamente a par dos termos que mencionou no seu comentário e poderia ainda acrescentar o aloquete, a sertã, o pote, a cruzeta e outros:))) Mas isso, na minha opinião tem pouco a ver com o tal do Acordo. Já agora e sem querer parecer demasiado rigoroso, mas esta não sei mesmo, tenho dúvidas, cimbalino não se escreve com "c"? Ou é com o "s" que usou? Tanto quanto me ocorre o Porto adoptou esse termo a partir de uma máquina italiana de tirar bicas (ou expressos)de marca Cimbali. Corrija-me, se eu estiver errado.Em todo o caso, bica parece-me um termo bem mais genuino e mais português que o cimbalino, que resulta da adequação do nome de um produto típico a uma máquina estrangeira.
Finalmente, o sotaque... não tenho nada contra sotaques, até lhes acho graça, do Porto ou de outra região qualquer, já a troca ou eliminação de letras me causa engulhos. Dizer «baca» em vez de «vaca» ainda posso arrolar à dificuldade em se pronunciar a letra «v». Mas ouvir a mesma pessoa que diz «baca» depois dizer «travalho»... aí é que eu já me encanito.
Um abraço para si, isto é apenas uma pequena provocação de um mouro incorrigível :))))

 
At 10:42 da manhã, Blogger Pedro Barbosa Pinto disse...

Caríssimo mouro, :)))

Exactamente! O meu comentário pouco tem que ver com o Acordo! Em mim, a Espuma da discórdia já se dissolveu. O Acordo fará o seu caminho como o de 1911 fez o dele, mesmo incommodando muito boa gente.
E eu continuarei a escrever como sempre fiz. Bom... tentarei evitar os erros, como esse "g" em sarjeta, desculpável por as não ter por cá, e como o "c" do cimbalino, esse de palmatória, até porque tive na família os responsáveis pela vinda dessa "bella macchina" para Portugal).
Os meus filhos, é certo que vão misturar a minha grafia com a resultante deste Acordo e os meus netos, sou capaz de apostar que irão inventar chalaças sobre batizados com "p", como nós o fizemos sobre farmácias com "ph".
Já agora, se me permite, o seu a seu dono! A troca da letra "v" pela "b" é com os minhotos, região onde o galego e o português ainda tendem a mesclar-se.
E agora está na hora da minha caminhada. Guarda-chuva na mão que o tempo está incerto, e aí vou eu.:)))

Um abraço, carago!

 
At 10:27 da manhã, Anonymous Alexandra disse...

É o que dá ter a estrutura das minhocas... Espanta-me, muitas vezes, pensar que temos tantos e tão grandes personagens na nossa história. Será que o foram mesmo? Ou tratar-se-ão de meros "branqueamentos", para animar a malta? Sim, porque a permitirmos e, em muitos casos, a promovermos mais este atropelo ao nosso património, por certo os nossos genes não podem conter vestígios daquela grandiosidade com que pintam D. Afonso Henriques, Dinis, D. João I, D. Manuel, Vasco da Gama, Camões, D. José, o Marquês, D. João IV, Pina Manique, Aristides de Sousa Mendes, apenas exemplificando, muito por defeito ...

 
At 4:48 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Alexandra

O meu post de hoje também «explica» a coisa um bcadinho :)))))

 

Enviar um comentário

<< Home