Galeria dos horrores
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As greves gerais são hoje apanágio quase exclusivo de países atrasados ou, se quisermos ser um pouco mais brandos, de países cujos cidadãos eleitores se prestaram durante muitos anos a uma condenável promiscuidade entre os interesses e prebendas daqueles que iam elegendo no tempo das vacas gordas e os seus próprios interesses e regalias. Perdoava-se a venalidade em troca de regalias e direitos que, à medida que iam sendo adquiridos, mais faziam periclitar a frágil economia nacional.
Pelo meio criou-se e alimentou-se um assustador e obsceno número de um tipo de cidadãos a que se deu o nome de sindicalistas que, salvo honrosos excepções, nunca fizeram nada ou produziram o que quer que fosse senão uma acção continuada em nome e prole de partidos com uma muito exígua representação parlamentar (com a excepção da UGT, daí a razão de o seu representante achar que se deve conceder um charuto no Polana, nas horas livres…) e por via de estratégias que consolasse, mimasse e salvaguardasse a grande maioria dos cidadãos empregados para a vida e respectivos benefícios.
Qualquer cidadão medianamente dotado perceberia a tempo que este estado de coisas não poderia durar sempre. Por isso, agora que se pressente o estertor do estado social que um grupo de políticos, patetas uns e espertalhões outros, andou empunhando como bandeira eleitoral, se ergue a vozearia do costume. De um lado as greves que não levam a lado nenhum nem defendem coisa nenhuma para além daqueles que já estão defendidos por lei. Por outro, a galeria dos iluminados habituais que através de manifestos, falam de paradigmas, «desde logos», jogos sujos do capital, novas ordens sociais e articulam frases ou nomes que muitos deles nem saberão exactamente o que significam, como o … como é que é mesmo? ... situacionismo neo-liberal.
Depois, resultam dias como os de hoje. Mais de metade do país não trabalha. Uns porque não querem, outros porque efectivamente não podem. Há ainda os que querem mas que a matilha habitual dos piquetes impede de o fazer. Há também a costumada comunicação social boazinha, cheia de comentadores, «paineleiros» e afins, todos harmonicamente afirmando que a greve é um direito inalienável dos trabalhadores. Alguns deles não sabem bem porquê, nem por alma de quem, mas foi assim que lhes ensinaram e sai bem na televisão. Daqui a pouco tempo há mais. Se ainda houver tempo. Se até lá não nos apercebermos exactamente do fosso para que nos estamos a empurrar a nós próprios. E enquanto empurramos e não empurramos continuamos a pagar àqueles senhores lá em cima (uma brevíssima amostra da multidão de sindicalistas – uma designação tão estimável como activistas ou ex-passageiros do Príncipe Perfeito) muitos milhões de Euros que não temos mas que a troika vai emprestando. Até ver…
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As greves gerais são hoje apanágio quase exclusivo de países atrasados ou, se quisermos ser um pouco mais brandos, de países cujos cidadãos eleitores se prestaram durante muitos anos a uma condenável promiscuidade entre os interesses e prebendas daqueles que iam elegendo no tempo das vacas gordas e os seus próprios interesses e regalias. Perdoava-se a venalidade em troca de regalias e direitos que, à medida que iam sendo adquiridos, mais faziam periclitar a frágil economia nacional.
Pelo meio criou-se e alimentou-se um assustador e obsceno número de um tipo de cidadãos a que se deu o nome de sindicalistas que, salvo honrosos excepções, nunca fizeram nada ou produziram o que quer que fosse senão uma acção continuada em nome e prole de partidos com uma muito exígua representação parlamentar (com a excepção da UGT, daí a razão de o seu representante achar que se deve conceder um charuto no Polana, nas horas livres…) e por via de estratégias que consolasse, mimasse e salvaguardasse a grande maioria dos cidadãos empregados para a vida e respectivos benefícios.
Qualquer cidadão medianamente dotado perceberia a tempo que este estado de coisas não poderia durar sempre. Por isso, agora que se pressente o estertor do estado social que um grupo de políticos, patetas uns e espertalhões outros, andou empunhando como bandeira eleitoral, se ergue a vozearia do costume. De um lado as greves que não levam a lado nenhum nem defendem coisa nenhuma para além daqueles que já estão defendidos por lei. Por outro, a galeria dos iluminados habituais que através de manifestos, falam de paradigmas, «desde logos», jogos sujos do capital, novas ordens sociais e articulam frases ou nomes que muitos deles nem saberão exactamente o que significam, como o … como é que é mesmo? ... situacionismo neo-liberal.
Depois, resultam dias como os de hoje. Mais de metade do país não trabalha. Uns porque não querem, outros porque efectivamente não podem. Há ainda os que querem mas que a matilha habitual dos piquetes impede de o fazer. Há também a costumada comunicação social boazinha, cheia de comentadores, «paineleiros» e afins, todos harmonicamente afirmando que a greve é um direito inalienável dos trabalhadores. Alguns deles não sabem bem porquê, nem por alma de quem, mas foi assim que lhes ensinaram e sai bem na televisão. Daqui a pouco tempo há mais. Se ainda houver tempo. Se até lá não nos apercebermos exactamente do fosso para que nos estamos a empurrar a nós próprios. E enquanto empurramos e não empurramos continuamos a pagar àqueles senhores lá em cima (uma brevíssima amostra da multidão de sindicalistas – uma designação tão estimável como activistas ou ex-passageiros do Príncipe Perfeito) muitos milhões de Euros que não temos mas que a troika vai emprestando. Até ver…
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Etiquetas: Ai Portugal, greve, sindicalistas
2 Comments:
Paineleiros é giro, parece palavra à Mia Couto, para manter a conversa perto do Polana...já agora, podia ao menos ter tirados os sapatitos,ou não era?
Dois anos... foi mesmo assim tanto e eu, a recuperar de uma daquelas coisa que nos incham 13 quilos e nos fazem cair todos os cabelinhos (não que eu seja miúda de ligar a apendices capilares, como sabes) nem dei conta que foi assim tanto.
Lá continuo no Centro de Saúde e faço bolinhos com as minhas filhotas nas horas vagas, entre uns beijinhos da Azulão e uns miminhos do Migalhinhas. Sobrevivemos todos, mas agora veio a troika...
Dulce
Dulce/Azulinha
Parece que estou a saber de ti mas não pelos melhores motivos :((( Espero que tudo esteja a correr pelo melhor. Vou procurar o teu contacto que tenho lá pelo escritório e tentar ligar-te!
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