Abrenúncio, saramago, pé-de-cabra, vê se te avias...
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Uma das inúmeras festas tradicionais portuguesas consiste em dar um banho de mar em Barcelos (*) a crianças com várias maleitas do corpo e do espírito. Gaguez e magreza não resistem à bondade do Senhor, tal como o mau-olhado e a possessão são devolvidos ao mafarrico.
Eu tinha uma vaga ideia da existência deste banho, costume antigo que não sei se acabou com os gagos, magros e possessos de Barcelos, mas nem sempre aquilo deve funcionar, porque há banho todos os anos, aquilo deve ser um bocadinho como aquelas Termas que fazem muito bem ao reumático e onde os portugueses vão todos os anos durante toda a vida, porque lhes dói as costas e os joanetes. Ou seja, faz bem mas é preciso ir lá todos os anos.
Do que eu não sabia é que isto de dar banho às criancinhas barcelenses teve um necessário «aggiornamento», que isto da vida está difícil, a crise está instalada, daí que os banheiros levem agora €5 por cada criancinha que levam ao banho. A ciosa reportagem da RTP (que não perde uma, de cada vez que se trata de manter a infantilização em curso das gentes) fez algumas perguntas a um banheiro. Uma delas era se por acaso não pagassem os €5 o banho teria o mesmo efeito. O banheiro não se desmanchou e disse que estava ali por devoção, bem intencionado e pela graça de Deus, as pessoas é que queriam pagar. A repórter perguntou então se as crianças choravam e o banheiro disse que sim. Choravam imenso, mas ele «obrigava-as» a irem ao banho e no fim, eles já não tinham medo. Fazia-os homens. Se fosse comigo eu tinha perguntado ao banheiro o que é que acontecia às meninas, se se faziam homens também, mas isto já sou eu e o meu mau feitio.
A reportagem acaba com a expressão de dever cumprido. A repórter porque fez as perguntas que devia. O banheiro porque logo à noite adormece convencido que esconjurou o demónio a uns tantos pobres de Cristo e pôs uma data de gagos a falar de seguida. E aproveita a embalagem e multiplica por cinco. Entretanto, durante o ano devem nascer mais uns gagos, magros e possessos e para o ano há mais.
Uma das inúmeras festas tradicionais portuguesas consiste em dar um banho de mar em Barcelos (*) a crianças com várias maleitas do corpo e do espírito. Gaguez e magreza não resistem à bondade do Senhor, tal como o mau-olhado e a possessão são devolvidos ao mafarrico.
Eu tinha uma vaga ideia da existência deste banho, costume antigo que não sei se acabou com os gagos, magros e possessos de Barcelos, mas nem sempre aquilo deve funcionar, porque há banho todos os anos, aquilo deve ser um bocadinho como aquelas Termas que fazem muito bem ao reumático e onde os portugueses vão todos os anos durante toda a vida, porque lhes dói as costas e os joanetes. Ou seja, faz bem mas é preciso ir lá todos os anos.
Do que eu não sabia é que isto de dar banho às criancinhas barcelenses teve um necessário «aggiornamento», que isto da vida está difícil, a crise está instalada, daí que os banheiros levem agora €5 por cada criancinha que levam ao banho. A ciosa reportagem da RTP (que não perde uma, de cada vez que se trata de manter a infantilização em curso das gentes) fez algumas perguntas a um banheiro. Uma delas era se por acaso não pagassem os €5 o banho teria o mesmo efeito. O banheiro não se desmanchou e disse que estava ali por devoção, bem intencionado e pela graça de Deus, as pessoas é que queriam pagar. A repórter perguntou então se as crianças choravam e o banheiro disse que sim. Choravam imenso, mas ele «obrigava-as» a irem ao banho e no fim, eles já não tinham medo. Fazia-os homens. Se fosse comigo eu tinha perguntado ao banheiro o que é que acontecia às meninas, se se faziam homens também, mas isto já sou eu e o meu mau feitio.
A reportagem acaba com a expressão de dever cumprido. A repórter porque fez as perguntas que devia. O banheiro porque logo à noite adormece convencido que esconjurou o demónio a uns tantos pobres de Cristo e pôs uma data de gagos a falar de seguida. E aproveita a embalagem e multiplica por cinco. Entretanto, durante o ano devem nascer mais uns gagos, magros e possessos e para o ano há mais.
(*) Não é Barcelos, mas sim S. Bartolomeu do Mar - Esposende. Correcção notada após amável comentário de um leitor. Ver os comentários.
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Etiquetas: coisas do demo, coisas que só acontecem uma x ano
7 Comments:
Barcelos é interior.
Romaria de S. Bartolomeu do Mar - http://www.lifecooler.com/Portugal/patrimonio/RomariadeSaoBartolomeudoMar
Falta o aluguer das galinhas pretas e as 3(?) voltas à capela para esconjurar o resto.
Em falta: concelho de Esposende, distrito de Braga.
http://www.folclore-online.com/festas/txt/sbartolomeu-mar-esposende.html
Anónimo
Muito obrigado pela correcção. Já fui confirmar e lá estava: S. Bartolomeu do Mar (banhos santos). É o que faz escrever «de ouvido» depois de ouvir as notícias da manhã.
Peço desculpa pelo lapso e fica reposta a verdade com o rigor deste anónimo. Incluindo o aluguer das galinhas pretas e as 3 voltas à capela :))
Uma vez mais obrigado.
Amigo Espumante, se fosse a si retirava as referências a Barcelos por duas únicas razões: i)o post está muito divertido e interessante, como de resto é timbre de qualquer post seu ii) Barcelos não merece tamanho destaque, you know what i mean...
;)
Abraço amigo,
Paulo
Paulo de Abreu e Lima
Tenho de confessar a minha...incapacidade para perceber o alcance da sua preocupação. Barcelos... só me ocorre o galo e o Gil Vicente. Contra o galináceo, não tenho nada e contra o clube... já o vi jogar pior :)). A outra coisa que me faria reagir com essa aspereza ao ponto de tirar o nome seria Sócr... esse, whose name we are not allowed to say. Mas o homem é de Vilar de Maçada, o que é uma maçada, eu sei mas não tem nada a ver com Barcelos.
Espero que não me esteja a passar nada, mas fico a aguardar a sua explicação :)))
Um abraço
Nelson
De facto não lhe passou nada...
:)
Paulo de Abreu e Lima
Eu sabia... ah! Mas eu sabia. Fiz-me de ingénuo mas um passarinho me dizia que a coisa tinha a ver com o 2-2. Mas vocês alcançaram a remissão com a jogatana de ontem - Há que reconhecê-lo :)
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