A verrina portuguesa. Mazinha mas condescendente
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Ainda não percebi se o facto de 99,9% dos comentadores e jornalistas que se referem a Angela Merkel lhe chamarem «senhora Merkel» é em mero tom chocarreiro (ainda que eu nem perceba bem porquê…) ou se tal é devido a sermos reconhecidamente um povo de chavões, tiques e vícios de linguagem. Assim tipo janela de oportunidade, a narrativa, para mudar o paradigma, desde logo e é assim. A verdade é que praticamente todos os líderes políticos são designados pelo nome, normalmente o primeiro e apelido. George Bush, Barak Obama, David Cameron, Zapatero, Ronald Reagan, Lula da Silva e por aí fora. Na verdade, não me ocorre alguma vez ter ouvido ou lido Dr. Clinton, Engenheiro Sarkozi ou arquitecto Berlusconi. Só mesmo em Portugal. Sá Carneiro ainda era conhecido pelo nome, Mário Soares terá sido um dos últimos a ser honrado em ser referido pelo nome mas a partir dele foi o dilúvio. Dos títulos. Cavaco Silva já era o professor Cavaco, Guterres era o engenheiro Guterres e até o domingueiro Sócrates não escapou a ser engenheiro.
Voltando a Merkel. De duas, uma. Ou somos assim mesmo (ou teremos sido operados em pequeninos?) ou zombamos do facto dela ser senhora ou, ainda, este «senhora» tem mesmo um sentido pejorativo, zombeteiro, sobretudo desde que se instituiu a ideia de que ela é a culpada do descalabro dos países incumpridores e ainda não percebeu que ela precisa de nós, senão não tem para onde exportar. Tem mais é que continuar a pagar-nos as contas para lhe podermos comprar comboios, telefones e automóveis.
Não me ocorre outra «senhora». Só mesmo Angela Merkel. Nem senhora Dilma, senhora Clinton, senhora Pintassilgo. Somos mauzinhos, mesmo. Ou condescendentes. Perdoamos a infantilidade e falta de argúcia de Angela Merkel e, irónicos mas compreensivos, chamamos-lhe senhora. Provavelmente com o mesmo sentido com que Mário Soares um dia disse que uma deputada europeia devia ir para casa lavar a loiça, só porque ela teve a ousadia de lhe ganhar uma eleição. Ou então somos um caso perdido, mesmo, e não há meio de mudarmos o paradigma.
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Ainda não percebi se o facto de 99,9% dos comentadores e jornalistas que se referem a Angela Merkel lhe chamarem «senhora Merkel» é em mero tom chocarreiro (ainda que eu nem perceba bem porquê…) ou se tal é devido a sermos reconhecidamente um povo de chavões, tiques e vícios de linguagem. Assim tipo janela de oportunidade, a narrativa, para mudar o paradigma, desde logo e é assim. A verdade é que praticamente todos os líderes políticos são designados pelo nome, normalmente o primeiro e apelido. George Bush, Barak Obama, David Cameron, Zapatero, Ronald Reagan, Lula da Silva e por aí fora. Na verdade, não me ocorre alguma vez ter ouvido ou lido Dr. Clinton, Engenheiro Sarkozi ou arquitecto Berlusconi. Só mesmo em Portugal. Sá Carneiro ainda era conhecido pelo nome, Mário Soares terá sido um dos últimos a ser honrado em ser referido pelo nome mas a partir dele foi o dilúvio. Dos títulos. Cavaco Silva já era o professor Cavaco, Guterres era o engenheiro Guterres e até o domingueiro Sócrates não escapou a ser engenheiro.
Voltando a Merkel. De duas, uma. Ou somos assim mesmo (ou teremos sido operados em pequeninos?) ou zombamos do facto dela ser senhora ou, ainda, este «senhora» tem mesmo um sentido pejorativo, zombeteiro, sobretudo desde que se instituiu a ideia de que ela é a culpada do descalabro dos países incumpridores e ainda não percebeu que ela precisa de nós, senão não tem para onde exportar. Tem mais é que continuar a pagar-nos as contas para lhe podermos comprar comboios, telefones e automóveis.
Não me ocorre outra «senhora». Só mesmo Angela Merkel. Nem senhora Dilma, senhora Clinton, senhora Pintassilgo. Somos mauzinhos, mesmo. Ou condescendentes. Perdoamos a infantilidade e falta de argúcia de Angela Merkel e, irónicos mas compreensivos, chamamos-lhe senhora. Provavelmente com o mesmo sentido com que Mário Soares um dia disse que uma deputada europeia devia ir para casa lavar a loiça, só porque ela teve a ousadia de lhe ganhar uma eleição. Ou então somos um caso perdido, mesmo, e não há meio de mudarmos o paradigma.
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Etiquetas: Angela Merkel, modas e vícios de linguagem
2 Comments:
Não será a tradução à letra de como eles a tratam lá pelas terras alemãs?:)))
papoila
Tenho que admitir que poderás ter razâo. Poderá ter ajudado...
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