quarta-feira, julho 20, 2011

Os neo-tieless





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Não sei se têm notado, mas eis senão quando um número grande de pessoas começou a aparecer sem gravata nas mais variadas funções e circunstâncias. Não porque esteja calor, mas porque o português é um animal de moda, de «corrente» de «é assim», «janela de oportunidade», «mudança de paradigma» e «desde logo». E «desde logo» a demagogia decorrente das afirmações da ministra de agricultura e demais amenidades sobre as vantagens de um pescoço esgargalado contribuir definitivamente para o abaixamento da dívida soberana passou a um estatuto de uma espécie de NEP (NEP era um coisa que havia no Exército, não sei se ainda há e que significava Norma de Execução Permanente). Já havia uma certa tendência «neo-tieless» (esta saiu bem…) na intelligentzia lusa, mas agora a coisa generalizou-se. Um dia, passa. A gravata tem vencido com estoicismo e tem-se mantido à la page, numa luta desigual. Enquanto não passa, a televisão vai mostrando os perenes «tieless boys» e os aderentes de fresca data, estes mais imbuídos da nobre e correcta missão de reduzir as emissões de carbono (!!!) do que seguindo critérios de comodidade do vestuário.

A UCP emitiu uma opinião muito equilibrada sobre as questões do vestuário. É ler e, facilmente, entender. De resto, não custa. E sorrir perante os comentários que suscitou aí pela blogosfera. Alguns que um rottweiler não desdenharia.

Nota: São 06:45 da manhã e João Proença, da UGT, homem que eu costumo ver, com frequência, a comer substanciais refeições exibindo uma gravata devidamente protegida por um guardanapo ao pescoço, acabou de aparecer ali nas notícias, sem gravata. Homem de consensos, pelo menos enquanto o PS está no poder, tem revelado alguma excitação recente. Talvez por isso a gravata incomode.
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