segunda-feira, janeiro 10, 2011

Separar as águas


Esta foto já foi usada uma vez por uma confrade. Peço desculpa pelo atrevimento, mas foi a foto que me surgiu mais «à mão de semear» para ilustrar o texto

[4020]

Tomás Vasques não tem razão quando mistura as águas. A caminha que fizeram a Cavaco a propósito das acções não tem nada a ver com as trapalhadas de Sócrates no «Fripór». Isto se nos ativermos apenas ao «Fripóres», que com Sócrates, valha-nos a santa, sobram exemplos que dariam para uma fornada de campanhas se fosse ele o presidenciável.

Mas é isso que o Tomás Vasques faz. Mistura as coisas, nivela as trapalhadas das acções de Cavaco com as trapalhadas de Sócrates, mas injustamente. Porque as acções de Cavaco não meteram familiares a darem entrevistas (concludentes) na televisão, filhos de tios que nos intervalos das suas meditações transcendentais no Extremo Oriente iam mandando uns «bitaites» para Portugal, não metiam procuradoras adjuntas a dar entrevistas, pressões sobre magistrados, (um dos quais foi mesmo punido…), também não meteu vídeos, diálogos comprometedores e todo um conjunto de acções, palavras ou actos que configuravam um profundo enredo de Sócrates num assunto turvo e que porventura jamais virá a ser explicado.

Já com Cavaco houve umas afirmações mais ou menos inflamadas (e ingénuas, diria eu) de Manuel Alegre sobre o preço da venda e da compra de acções e possíveis favores do BPN a Cavaco e um «abominável» lucro de 140% (imperdoável, não se faz) e uma ausência total de suspeição. Nem por conversas, nem por vídeos, nem por entrevistas.

Misturar estas trapalhadas e colocá-las no mesmo plano (sendo que uma NEM trapalhada é) configura um exercício que, de duas uma: ou reflecte um mau discernimento sobre as matérias em apreço ou, mais grave, um deliberado propósito de diluir as trapalhadas de Sócrates num episódio absolutamente normal e legal de compra e venda de acções.

Esta «mistura» nem seria muito grave se ao andor do cura não se juntassem os sacristães de serviço que de imediato ajudam à procissão. Acresce que a prestação de Alegre com o texto literário/publicidade/pagamento em cheque/transferência/depósito/devolução de cheque/instruções para dar o cheque a uma instituição de caridade/secretária provavelmente desmazelada/declarações de que o cheque nunca foi devolvido/declarações de que o IRS de Manuel Alegre do ano em causa incluía os €1500, aconselhariam que Alegre nem abrisse mais a boca. O que, de resto e avisadamente, ele parece ter feito. Por isso me espanta continuar-se a bater no ceguinho.

Poucas vezes o aforismo das águas será tão aplicável como no caso vertente.

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