Chuvas

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A chuva é como as segundas-feiras. Há chuva mais chuva que outras. Tem chuva que é grossa, bem definida, presente, frontal, visível. Dela nos podemos abrigar ou, se quisermos, enfrentá-la e frui-la com o gozo que a chuva nos pode proporcionar. Outra é miúda, estranha, esquisita, parece que não chove mas está lá, cai e enregela e, sobretudo molha. A gente pensa que passa por ela com relativa facilidade e quando damos por nós estamos molhados até aos ossos. Coisa, que consabidamente nos pode trazer ou agravar doenças do foro reumatismal.

Hoje a manhã acordou com chuva desta. Fina, pardacenta, esquisita, finge, faz que não molha mas molha e nem a poesia harmónica dela a cair nos livra da distinta possibilidade de nos molharmos e enregelarmos nos escassos metros que, ao sair da porta, nos separam do carro.

Há dias em que não devia chover assim. Era bem melhor uma carga de água, possante e ruidosa, como que nos avisando que é melhor esperarmos um pouco antes de nos precipitarmos para o carro. Gosto mais dela.

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