terça-feira, agosto 03, 2010

Lembrei-me agora (4)

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A Cidade do Porto tem a névoa da incerteza e o sol da esperança no brilho dos dias.



Bonita à sua maneira, consegue, mesmo assim ou por via disso mesmo, deixar a marca indelével da saudade de momentos doces. Como subir aos Clérigos


na ideia de que a rua é comprida e verificar que nem por isso, verificar que na Lello não se pode tirar fotos e de no-lo avisar se encarrega mesmo um funcionário que repete em moto-contínuo «no piquetxares», que nos Aliados há, afinal, sempre um lugar para estacionar a viatura, que o Majestic,


para além da magnificência das suas linhas é «do outro lado da rua», que na Ribeira se come bem e que existe lá um Piolho que não é o Piolho e que o dono do Piolho que não é o Piolho não gosta que chamem Piolho ao Piolho que não é Piolho e, mais grave, não tem papos de anjo e tem raiva a quem tem,


descobrir, enfim, que existem papos de anjo na Confeitaria Cunha, entre outras barbaridades de chocolate e, sobretudo, que é uma cidade onde apetece andar a pé e reparar, ao fim de uma resma de anos, que não sabemos verdadeiramente porque é que o Castelo do Queijo se chama Castelo do Queijo. E que bom é caminhar por aquelas ruas pejadas de gente apressada e prestável, falando alto e não raro soltando imprecações de fazer corar um camionista ucraniano em Sevilha (sobre o camionista ucraniano, avivar a memória no meu Pipi…) e admirar a traça arquitectónica da cidade, as gentes, os ruídos, os cheiros, ao mesmo tempo que vamos falando de aboborinhas de forma banal e com a alegria dos putos, complementando o já referido tom ligeiro da visita. Que bom!

Sabemos da importância do Porto no campo da literatura, da cultura em geral, das artes, da economia mas sabe bem um registo ligeiro e sem agenda, deambulando pela cidade que, tudo junto e somado, se revela uma urbe bonita e com uma magia muito própria e que, por isso mesmo, ganha com facilidade e mérito um lugar de destaque no acervo das nossas recordações gostosas e muito gratificantes.

Fotos da Ponte da Arrábida e dos Clérigos de A Cidade Surpreendente

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3 Comments:

At 10:37 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

...e descobrir como o sol brilha intensamente em becos escuros de séculos passados, na simples comemoração de um perdido e achado supérfluo...:)))*
Gansolina

 
At 6:48 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

gansolina

Imagino se o perdido e achado não fosse supérfluo... os becos escuros de séculos passados derretiam sob o brilho do sol e as tripas esturricavam... :))) *

 
At 11:09 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Porto, mui nobre, mui antiga sempre leal cidade invicta do Porto. Gostei do que escreveu, mas não me convenceu.! O Porto é muito mais do que tudo isso que descreveu, é único, intemporal, tem um "Modus Vivendi" e "Modus Operandi", muito sui generis, temos de sentir o Porto com alma. Tudo aquilo que está fora de espaço/tempo, não pode ser conhecido, apenas pensado, e parece-me que o Porto está fora do seu espaço, não do seu tempo. As grandes revoltas, partiram sempre do Porto, pq nunca tivemos uma revolução (o 25 de Abril, esteve muito longe de ser uma revolução, limitou-se a ser uma revolta, benéfica para muitos dos "libertadores da democracia", que por mero acaso foram os mesmos da descolonização! (outro grande negócio).!

Gosto de o ler. Continue.

 

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