A mão por baixo
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Não sou menino nem borracho mas há um grupo de gente preocupada em pôr-me a mão por baixo. Ele é o trânsito, ele é o consumo excessivo de energia, ele é a alimentação impregnada de nitratos, cloretos, sulfatos e outros desideratos, ele é as calorias, a nicotina, a roupa sintética, a poluição, a reciclagem, os pilhões, a incineração, o número de horas de televisão para as criancinhas (independentemente das horas e horas seguida de TV estupidificante ministrada aos adultos), a sexualidade (incluindo a idade em que as criancinhas devem começar a masturbar-se), o racismo, a consciência multicultural, o azar que os americanos e os italianos tiveram em apanhar com o Bush e o Berlusconi e o Blair, enfim, escapa, apesar da cena do Iraque, ele é os pepinos que devem ser direitos, as laranjas que não podem ter cochonilhas, os morangos que têm de ser do mesmo tamanho, ele é o comércio tradicional que deve ser frequentado para não engordarmos mais os malfeitores do capitalismo como o Belmiro, o Jerónimo e correlativos e outros a quem, entretanto, se continua a passar licenças para os maiores centros comerciais da Europa, ele é o frio… o frio… aqui chegado, confesso que me cansa já que me digam que o frio… faz frio, que o frio é muito frio e que temos de ter muitos cuidados com o frio e para isso é que se fizeram os alertas amarelos da Autoridade Nacional de Protecção Civil que eu não sei bem o que é mas serve para dar cor aos «alertas» e recomendar-nos o uso de várias camadas de roupa e cuidados com a condução por causa do gelo porque a água congela a 0 graus e, como se sabe, as temperaturas em Portugal para hoje variam entre os 5 positivos e os 6 negativos. Assim sendo, não fosse não repararmos, somos bombardeados com estes avisos de alerta amarelo, explicações científicas sobre o frio. Para não falar mesmo nos directos com o português típico que está misteriosamente sempre na rua de cada vez que há directos para as televisões e que, entaramelado e trágico como o destino que ele acha que Deus lhe deu, diz para a reportagem que está muito frio. Não fosse não termos reparado. Houve um mesmo que disse, “…então a menina veja que eu costumo pôr o irradiador a 20 graus e hoje cheguei a casa e estava só a 18…”. Independentemente da hermenêutica, ficámos a perceber que até o «irradiador» do senhor sofre com o frio.
Isto, do frio, nos intervalos das notícias sobre o aquecimento global, está bem de ver, ainda há pouco um cientista cujo nome não fixei, afirmou, preto no branco e com ar de quem esteve cinco horas seguidas a estudar as franjas do anticiclone centrado no Golfo da Biscaia depois de ter lido um trabalho sobre a inevitável extinção do urso polar, que a temperatura em Portugal, segundo estudos (????) subiu 0,7 graus C durante o século XX. Ele não explicou que estudos foram esses mas como ninguém lhe vai perguntar, fica assim decretado que o país está a aquecer. Isto porque a linguagem científica o confirma, disse o cientista e eu faço mmuuuuu e acredito.
Mas já me estou a desviar do frio e o melhor mesmo é ficar por aqui. Bom trabalho para todos, janelinhas bem calafetadas, cuidado com as correntes de ar e «correspondências», mudanças de temperatura. Sobretudo, se tiverem febre, cuidado com o paracetamol, pois passar dos 39 de febre para os normais 36,5 é uma mudança brusca de temperatura que pode provocar coriza e tumefacção dos pólipos nasais (escrevi polipos, mas o corrector aplicou-lhe o acento, és capaz mesmo de ter razão, Papoila…).
Não sou menino nem borracho mas há um grupo de gente preocupada em pôr-me a mão por baixo. Ele é o trânsito, ele é o consumo excessivo de energia, ele é a alimentação impregnada de nitratos, cloretos, sulfatos e outros desideratos, ele é as calorias, a nicotina, a roupa sintética, a poluição, a reciclagem, os pilhões, a incineração, o número de horas de televisão para as criancinhas (independentemente das horas e horas seguida de TV estupidificante ministrada aos adultos), a sexualidade (incluindo a idade em que as criancinhas devem começar a masturbar-se), o racismo, a consciência multicultural, o azar que os americanos e os italianos tiveram em apanhar com o Bush e o Berlusconi e o Blair, enfim, escapa, apesar da cena do Iraque, ele é os pepinos que devem ser direitos, as laranjas que não podem ter cochonilhas, os morangos que têm de ser do mesmo tamanho, ele é o comércio tradicional que deve ser frequentado para não engordarmos mais os malfeitores do capitalismo como o Belmiro, o Jerónimo e correlativos e outros a quem, entretanto, se continua a passar licenças para os maiores centros comerciais da Europa, ele é o frio… o frio… aqui chegado, confesso que me cansa já que me digam que o frio… faz frio, que o frio é muito frio e que temos de ter muitos cuidados com o frio e para isso é que se fizeram os alertas amarelos da Autoridade Nacional de Protecção Civil que eu não sei bem o que é mas serve para dar cor aos «alertas» e recomendar-nos o uso de várias camadas de roupa e cuidados com a condução por causa do gelo porque a água congela a 0 graus e, como se sabe, as temperaturas em Portugal para hoje variam entre os 5 positivos e os 6 negativos. Assim sendo, não fosse não repararmos, somos bombardeados com estes avisos de alerta amarelo, explicações científicas sobre o frio. Para não falar mesmo nos directos com o português típico que está misteriosamente sempre na rua de cada vez que há directos para as televisões e que, entaramelado e trágico como o destino que ele acha que Deus lhe deu, diz para a reportagem que está muito frio. Não fosse não termos reparado. Houve um mesmo que disse, “…então a menina veja que eu costumo pôr o irradiador a 20 graus e hoje cheguei a casa e estava só a 18…”. Independentemente da hermenêutica, ficámos a perceber que até o «irradiador» do senhor sofre com o frio.
Isto, do frio, nos intervalos das notícias sobre o aquecimento global, está bem de ver, ainda há pouco um cientista cujo nome não fixei, afirmou, preto no branco e com ar de quem esteve cinco horas seguidas a estudar as franjas do anticiclone centrado no Golfo da Biscaia depois de ter lido um trabalho sobre a inevitável extinção do urso polar, que a temperatura em Portugal, segundo estudos (????) subiu 0,7 graus C durante o século XX. Ele não explicou que estudos foram esses mas como ninguém lhe vai perguntar, fica assim decretado que o país está a aquecer. Isto porque a linguagem científica o confirma, disse o cientista e eu faço mmuuuuu e acredito.
Mas já me estou a desviar do frio e o melhor mesmo é ficar por aqui. Bom trabalho para todos, janelinhas bem calafetadas, cuidado com as correntes de ar e «correspondências», mudanças de temperatura. Sobretudo, se tiverem febre, cuidado com o paracetamol, pois passar dos 39 de febre para os normais 36,5 é uma mudança brusca de temperatura que pode provocar coriza e tumefacção dos pólipos nasais (escrevi polipos, mas o corrector aplicou-lhe o acento, és capaz mesmo de ter razão, Papoila…).
Adenda: Acabou de me telefonar um colega muito dado a esta coisa das agriculturas biológicas, normalizadas, bacteriologicamente puras e morfologicamente estéticas (é um esteta este homem…) dizendo que, afinal os pepinos já podem ser tortos. A UE já autoriza. Eu já tinha ouvido qualquer coisa, mas não estava certo. Mas antes assim, que os pepinos querem-se com identidade própria, porque se há coisa mais entediante e carecida de estímulo é a humanidade a comer pepinos iguais, por muito direitos que estejam.
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Etiquetas: aquecimento global, climas amenos, cuidados intensivos
4 Comments:
Tá frio porra pá! Deves ter sido feito no PN. :D
IL
O que é PN????
:)
Polo Norte meu querido. Duhhhh :D
Devia haver dois tipos de curso de Jornalismo.
Um para perguntas interessantes e um outro, de menos anos, para perguntas idiotas.
Perguntar se está frio quando se sabe que estão 11 graus negativos...
Perguntar a um pai que acaba de perder um filho "o que é que ele sente"?...
Perguntar a uma criança que está à porta do infantário no seu primeiro dia de aulas "então não estás com medo de dizer adeus à mamã, olha que vais ficar sozinha...."
Estas perguntas não foram inventadas! :)
xx
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