Comer e calar
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Aqui há um tempo a minha filha levou um formidável murro no queixo, enquanto esperava que o metropolitano arrancasse, na estação do Campo Grande. Sentada com uma colega, no regresso da faculdade, aguardava que o comboio arrancasse quando dois animais se lhe dirigiram com uma série de obscenidades. Como elas se levantassem para mudar de lugar, um dos animais, o mais repelente e maior, assentou-lhe um murro na boca. Confusão, um polícia à paisana que consegue apanhar um dos animais (o animal que bateu conseguiu fugir) e uma queixa apresentada na esquadra da estação do Marquês de Pombal. Quando levantei dúvidas sobre a utilidade de apresentar queixa (a minha filha ainda era menor), o polícia insistiu, porque conhecia o animal, sabia muito bem onde ele morava e aquilo era trigo limpo. O animal morava em Loures e ia lá e prendia-o.
Dois anos depois, surge uma convocatória da PSP de Cascais a intimar a minha filha para comparecer no posto. Telefonei para lá, li a intimação e de lá disseram que era para ser informada que tinha de ir à esquadra de Carcavelos. Pedi o contacto e telefonei para Carcavelos. Fui informado de que era para dizerem à ofendida que não tinham prendido o animal e que iam arquivar o caso. Não liguei mais ao assunto até cerca de duas semanas depois, quando me aparece um polícia, educado, à porta de casa a perguntar pela minha filha porque ela tinha faltado ao tribunal e ia, assim, detê-la…. E para não fazer disto uma longa história, direi apenas que expliquei que ela já tinha saído para as aulas, que eu era o pai e que ia lá eu, mas não escapei de ter de pagar duas unidades de conta (mais de €300) por ela ter faltado ao tribunal. De pouco valeu eu ter dito que tinha telefonado para a esquadra de Cascais e de Carcavelos e de ter tomado a informação de Carcavelos como final – que o animal não tinha sido apanhado.
Este episódio vem a propósito desta notícia. O que me leva a pensar que nesta terra o melhor é comer e calar. É que as coisas depois embrulham-se tanto que uma pessoa ainda acaba a pagar custas ou unidades de conta por ter faltado ao tribunal, para lhe dizerem que não apanharam o agressor. Mas não contem nada a Sócrates que ele anda muito ocupado a visitar escolas desde que saiu a notícia dos 40 milhões do Ministério da Educação sem concurso público (se não souberem bem do que se trata é ouvir a SIC com atenção que esta estação explica os passos do Grande Líder ao milímetro e ao segundo) e não tem tempo para disparates de Verão.
Aqui há um tempo a minha filha levou um formidável murro no queixo, enquanto esperava que o metropolitano arrancasse, na estação do Campo Grande. Sentada com uma colega, no regresso da faculdade, aguardava que o comboio arrancasse quando dois animais se lhe dirigiram com uma série de obscenidades. Como elas se levantassem para mudar de lugar, um dos animais, o mais repelente e maior, assentou-lhe um murro na boca. Confusão, um polícia à paisana que consegue apanhar um dos animais (o animal que bateu conseguiu fugir) e uma queixa apresentada na esquadra da estação do Marquês de Pombal. Quando levantei dúvidas sobre a utilidade de apresentar queixa (a minha filha ainda era menor), o polícia insistiu, porque conhecia o animal, sabia muito bem onde ele morava e aquilo era trigo limpo. O animal morava em Loures e ia lá e prendia-o.
Dois anos depois, surge uma convocatória da PSP de Cascais a intimar a minha filha para comparecer no posto. Telefonei para lá, li a intimação e de lá disseram que era para ser informada que tinha de ir à esquadra de Carcavelos. Pedi o contacto e telefonei para Carcavelos. Fui informado de que era para dizerem à ofendida que não tinham prendido o animal e que iam arquivar o caso. Não liguei mais ao assunto até cerca de duas semanas depois, quando me aparece um polícia, educado, à porta de casa a perguntar pela minha filha porque ela tinha faltado ao tribunal e ia, assim, detê-la…. E para não fazer disto uma longa história, direi apenas que expliquei que ela já tinha saído para as aulas, que eu era o pai e que ia lá eu, mas não escapei de ter de pagar duas unidades de conta (mais de €300) por ela ter faltado ao tribunal. De pouco valeu eu ter dito que tinha telefonado para a esquadra de Cascais e de Carcavelos e de ter tomado a informação de Carcavelos como final – que o animal não tinha sido apanhado.
Este episódio vem a propósito desta notícia. O que me leva a pensar que nesta terra o melhor é comer e calar. É que as coisas depois embrulham-se tanto que uma pessoa ainda acaba a pagar custas ou unidades de conta por ter faltado ao tribunal, para lhe dizerem que não apanharam o agressor. Mas não contem nada a Sócrates que ele anda muito ocupado a visitar escolas desde que saiu a notícia dos 40 milhões do Ministério da Educação sem concurso público (se não souberem bem do que se trata é ouvir a SIC com atenção que esta estação explica os passos do Grande Líder ao milímetro e ao segundo) e não tem tempo para disparates de Verão.
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Etiquetas: Ai Portugal, justiça, Parabéns, polícias e ladrões
8 Comments:
É a incompetência levada aos limites do absurdo.
Parece até surreal!
Este comentário foi removido pelo autor.
Dulce Braga
É bem real, minha amiga. Às tantas deixamos de reagir a estas situações.Acho que a grande solução é a tua mangueira e a sombra que ela faz. Não esquecendo o banheiro, bem entendido, e uma camisola (!!!) para as noites mais frescas :))))
Sinapse
repaei agora que ste ano num bens à Inbicta...
A Carlota, como de costme, vai dar o seu jantarinho blogueiro de verão, mas não vou poder estar, por ter de viajar de novo.
Mas não vires à Inbicta intriga-me... :))))
Sinapse
Faltam pormenores inacreditáveis na história. Como a necessidade de a Jessy ir à Medicina Legal para fazerem um relatório pericial para o processo. Mas era sexta-feira... e o médico só vinha na segunda. Quando perguntei se os cidadãos não podiam ser assaltados aos fins-de-semana por falta de meios, um enfermeiro (acho que era enfermeiro...) com barba de anteontem disse que o problema não era dele.E mais tarde, na segunda, o médico observou o queixo da minha filha e disse-lhe que ela devia rezar. Eu seja ceguinho. Que o mundo estava perigoso e que a única salvação era rezar. Eu ainda pensei perguntar-lhe se entre duas operações não se poderia dar uma carga de porrada no agressor mas achei melhor não o fazer. O homem estava posesso. Neste caso, possesso do Bem.
Eu tinha uma forma de resolver este tipo de situações: Emigrantes. Pura e simplesmente. Desde o pessoal de limpeza aos médicos, meter emigrantes e obrigar o cidadão nacional a competir pelo emprego. Viu-se como o serviço das pastelarias, snacks e comércio em geral, o atendimento melhorou substancialmente com a entrada dos brasileiros em força neste sector. Nas empregadas domésticas, a mesma coisa. Em Cascais, entre ucranianas e portuguesas as pessoas não hesitam.
Beijinhos (Sabias que New York is a lady?) :)
Nota: Repeti este comentário (eliminado lá atrás porque estava cheio de erros).
Isto só mostra o lodo a que esta coisa chegou.
É triste.
António Torres
E falta aqui a ida ao Instituto de Medicina legal. Foi uma vergonha...
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