terça-feira, abril 07, 2009

A esquerdização da cultura do arroz ( 2 )


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O meu post 2993 “esquerdização da cultura do arroz” foi objecto de uma simpática referência do professor Carlos Serra, pesquisador do Centro de Estudos Africanos, presidente do seu Conselho Científico e professor catedrático de Metodologia de Pesquisa na Faculdade de Letras e Ciências Sociais - Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique, que agradeço.

Faço esta menção porque em resultado do link, o post foi enriquecido com alguns comentários que vale a pena ler. Sobretudo a correcção de um erro grosseiro que cometi sobre os números de produção anuais de arroz e que desde já agradeço ao comentador Luis Pereira, engenheiro agrónomo moçambicano. A devida correcção já foi feita.
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2 Comments:

At 10:46 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

> Cheguei aqui via blog do Prof. Carlos Serra.

> À correcção de Luís Pereira, gostaria de acrescentar os detalhes seguintes:

1. A área efectivamente cultivada no regadio, no fim do período colonial, era da ordem dos 16.000 hectares e a produção oficialmente registada da ordem das 51.000 toneladas. Porém, considerando que:

(i) havia produção em áreas adjacentes ao regadio, que beneficiavam de infiltrações dos canais principais e zonas próximas do rio (não registada como produção do regadio);

(ii) A gestão do Regadio era feita pela Brigada Técnica do Limpopo (BTL) que tinha representação em todas as aldeias. Os produtores vendiam a produçâo às fábricas de descasque e estas retinham 10% do valor, que revertia para a Brigada, a título de compensação pelos serviços inerentes à gestão e conservação do regadio.

> Ora, para fugirem a este pagamento, os agricultores não entregavam toda a podução às fábricas de descasque parceiras do regadio, logo, a produção oficialmente registada era inferior à real - que, efectivamente, se situava na ordem dos valores indicados por Luís Pereira.

2. Com a tranformação do Colonato em CAIL (Complexo Agro Indústrial do Limpopo) fizeram-se uma série de asneiras, que demoraria tempo a detalhar... e que a determinada altura nós moçambicanos diziamos serem fruto das "nossas insuficiências".

3. Grave é que os erros se repitam, como parece estar a acontecer nesta campanha.

> Semearam-se cerca de 6.000 Ha (seis mil), espera-se uma produção da ordem das 20.000 Toneladas;

> A população que nos anos setenta ceifava está velha e os jovéns não sabem nem querem fazê-lo.

Para resolver o problema o Governo vai importar sete autocombinadas para juntar às existentes. Ora, vai acontecer que as máquinas vão trabalhar durante 3 ou 4 semanas e ficarão onze meses paradas, ou seja, na próxima campanha estarão "canabalizadas" ...

4. Sobre a produção de açucar: em 1974 Moçambique produziu 325.000 toneladas, produção só ultrapassada na campanha 2008/09.

5. Concluindo: as políticas agrícolas que Moçambique tem seguido depois da Independência têm sido um desastre em termos de resultados. Passados mais de 34 anos, hoje, a produção de cereais; de copra, de algodão, de sisal, de chá, de citrinos, etc., são inferiores ás de 1974, ano que antecedeu a Independência.

> Considerando que a população activa duplicou neste período, podemos com propriedade dizer que a produtividade caiu a pique.

Um abraço,
Mapoda

 
At 10:51 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Mapoda
Muito obrigado pelo seu comentário

 

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